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Após denunciar João de Deus, líder de ONG que presta apoio às vítimas sofre ameaças

Ativista foi vítima do médico Abdelmassih e participa do grupo que auxilia o MP nas denúncias

Correio do Povo|

Ainda de acordo com ela, pessoas que fazem as ameaças também tentaram hackeá-la Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP
Ainda de acordo com ela, pessoas que fazem as ameaças também tentaram hackeá-la Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP Ainda de acordo com ela, pessoas que fazem as ameaças também tentaram hackeá-la Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP

Vana Lopes, vítima de Roger Abdelmassih e líder do grupo Vítimas Unidas auxilia mulheres vítima de abusos e se tornou uma das responsáveis por trazer à tona as denúncias contra João de Deus. As primeiras vítimas procuraram a instituição em busca de ajuda e, desde então, ela se dedicou a fazer uma rede de apoio às mulheres que relatam abusos sexuais do médium. Abdelmassih, ex-médico de reprodução assistida, foi condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes e está em prisão domiciliar. Além de orientar as vítimas e oferecer apoio psicológico com profissionais da área, Vana se dedica a colher provas para um dossiê contra o médium, tudo em parceria com o Ministério Público. • Procuradora reafirma que João de Deus deve ser mantido preso Ao R7, a ativista relata ameaças sofridas depois de tornar o caso público. “Sofro ameaças desde a caçada ao Roger Abdelmassih, mas as mais recentes começaram com as denúncias do João do Mal [João de Deus]”, afirma. “Essas ameaças têm sido constantes e são feitas pelo Facebook. Alguns também mandam para o meu e-mail. Como trabalhamos on-line, não podemos dar nossos endereços a ninguém porque somos ameaçadas de morte.” Ainda de acordo com ela, as pessoas que fazem as ameaças também tentaram hackeá-la. “Usamos muito a internet para divulgar os crimes dessa criatura e de toda a gangue e dos cúmplices. No meu e-mail tenho recebido muitas, mas muitas denúncias. Tentaram invadir o meu e-mail, do grupo e também o meu Facebook”, afirma a ativista. Os IPs (Internet Protocol, que é o número que identifica o computador em uma rede) que tentaram invadir as redes de Vana estão sendo investigados. • Justiça bloqueia R$ 50 milhões de João de Deus Vana diz que as ameaças também chegam como forma de intimidação. “Pessoas, inclusive, têm avisado que estão fazendo Boletim de Ocorrência contra nós porque estamos dando nomes aos coparticipantes. Não se usa o Judiciário, isso é considerado coação”, alega. “A última [ameaça] que recebi era a de que ia pagar por tudo o que estávamos falando”, completa. Nesta segunda-feira, a ativista Sabrina Bittencourt encaminhou ao R7 áudios com ameaças de Rodrigo Mello Oliveira, cunhado de Chico Lobo, administrador da Casa Dom Loyola. Oliveira, no entanto, nega as acusações e diz que “jamais a intenção” foi de ameaçar. A líder do Vítimas Unidas diz que as ameaças sofridas pelas ativistas são reais. “Há risco de vida, sim. Essas pessoas são perigosas”, garante. Para Vana, as mulheres abusadas por João de Deus também sofrem algum tipo de ameaça. “As vítimas estão sendo intimidadas, sim. Quem tem mais contato é a Dr. Maria do Carmo, que é psicóloga delas e, por ética, não pode dizer o conteúdo da conversa. Mas as que falam comigo de forma informal, como vítimas, se sentem coagidas e têm medo”, diz. “Ainda mais porque ele tem posse de arma e lá tem os colaboradores que, de certa forma, coagem só com a presença.” A líder do Vítimas Unidas, no entanto, se diz confiante diante das denúncias. “Não posso dizer que não há medo, porque somos mortais. Mas estamos reagindo e não vamos parar. O silêncio morreu e ninguém está de luto. Estamos lutando. É diferente”, comemora. Devido às ameaças, Sabrina Bittencourt, Dr. Maria do Carmo [psicóloga do Vítimas Unidas] e Vana Lopes vivem fora do país ou em local mantido sob sigilo. Segundo ela, o caso é mais perigoso porque envolve políticos e empresários influentes da região “que ganhavam muito dinheiro com o charlatanismo”. Além da preocupação com a segurança, elas se cercaram de cuidados específicos para lidar com o caso João de Deus. “Lá em Abadiânia também tem pessoas do bem. E elas estão lá disfarçadas, porque estavam se sentindo coagidas. Elas não compactuavam com isso e vão nos orientando a cada passo. Recebo muita orientação de pessoas que estão infiltradas e eles nem imaginam”, conclui. A defesa de João de Deus nega todas as acusações.

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