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Canarinho Mania: a história por trás do mascote "pistola" da Seleção

Inspiração americana e do Galo Doido é apenas um dos segredos do Canarinho

Correio do Povo|

Na percussão, Canarinho comanda torcida brasileira na Rússia Crédito: Lucas Figueiredo / CBF / CP
Na percussão, Canarinho comanda torcida brasileira na Rússia Crédito: Lucas Figueiredo / CBF / CP Na percussão, Canarinho comanda torcida brasileira na Rússia Crédito: Lucas Figueiredo / CBF / CP

O Canarinho "Pistola", como é popularmente conhecido o mascote da seleção brasileira, é um sucesso nas redes sociais. Se tornou um fenômeno e conquistou uma parcela considerável dos brasileiros — até aqueles que não gostam de futebol, mas não resistem ao charme carrancudo do personagem. A reportagem do R7 investigou o motivo do sucesso estrondoso do bravo animal que, em menos de dois anos de vida, ganhou o Brasil. Idealizado ao fim de 2016, ele surgiu em outubro daquele ano, em meio à arrancada de Tite — que assumiu a seleção quatro meses antes, em junho. Com quatro vitórias seguidas, o treinador gaúcho levou o Brasil do sexto lugar das eliminatórias sul-americanas (posição que não renderia vaga à Copa) ao primeiro lugar da tabela. Curiosamente, a chegada à ponta da classificação ocorreu menos de uma semana após a "apresentação oficial" do Canarinho ao público. Sua primeira aparição foi no site oficial da CBF, no início de outubro, apresentado de forma enigmática: uma série de fotos, sem explicação, apenas com o título “Canarinho: o mascote da Seleção Brasileira”. Todos querem o "pistola" Gilberto Ratto, diretor de marketing da CBF, conta ao R7 que o perfil do mascote foi detalhadamente pensado para conquistar o sucesso que atingiu. “Nosso foco era falar com todas as idades, mas dar ênfase no público jovem. Então fizemos uma pesquisa de costume dos jovens atuais”, diz ele, explicando a metodologia para criar o personagem.

“Reparamos que, para essa geração, não podia ser um mascote bonzinho e bobinho. Tinha que ser um que combinasse”, diz Ratto. “Aí desenvolvemos esta personalidade e até um jeito de andar para ele.” Questionado sobre o motivo da criação do personagem, Ratto relata que não houve um ‘pai’ do Canarinho. “Nossa intenção era aproximar a seleção brasileira do torcedor. Precisávamos de uma figura para isso”, diz. “Foi uma ideia em conjunto, que surgiu em várias reuniões entre o meio e o fim de 2016.” Em maio do ano passado, a CBF lançou uma versão mais amigável de seu mascote. Em um tuíte da própria confederação, a argumentação era de que ele serviria para ações sociais. O Canarinho "light", no entanto, não voltou a ser utilizado. “Foi algo que decidimos ali, naquele momento. Teve uma boa aceitação no evento, mas mesmo as crianças da ação social pediam o canarinho enfezado”, revela Ratto. “Então decidimos trabalhar apenas com a versão brava mesmo.” Torcidas organizadas x Memes Se os mascotes oficiais no Brasil fazem um perfil tido como "fofo", o cenário é o oposto nas torcidas organizadas das equipes mais tradicionais do país. “Querendo ou não, as torcidas estão ligadas à violência. As torcidas nasceram na época mais violenta do brasil: a ditadura”, diz Gabriel Uchida, repórter fotográfico que acompanha e estuda as torcidas organizadas no Brasil. “Elas nasceram na ditadura, cresceram na ditadura e tiveram, em toda sua vida, uma rejeição da sociedade.” Embora a figura sisuda tenha se mostrado um exemplo de êxito com as torcidas e o mascote da seleção, Uchida não vê relação nos perfis do Canarinho e de outros símbolos de organizadas. “Esse Canarinho ‘Pistola’ tem mais a ver com ‘memes’ e coisas engraçadas da internet. A seleção tem um público diferente do que são os torcedores de organizadas”, diz. “Entendo ele [Canarinho] como um ‘rebranding’ (estratégia de recomercialização de um produto) para trazê-lo para uma coisa mais popular e atual.” No Brasil, em termos de clubes, o Atlético-MG é um dos poucos clubes tradicionais, senão o único a ter essa figura mal-humorada como mascote. CBF não é contra os "fakes" Os perfis não-oficiais do Canarinho, ou "fakes", como são chamados, também fazem sucesso nas redes sociais. Algumas páginas no Facebook e Instagram ultrapassam os 100.000 seguidores. Na imensidão da internet, Valter Frazão, 25, é dono da página Canarinho M1L GR4U, a mais curtida entre todas as redes. A página de Frazão conta hoje com mais de 150.000 curtidas. “A personalidade dele é a mesma da maioria da população brasileira em relação ao futebol: o brasileiro xinga, critica e depois está lá, amando e comemorando as vitórias da seleção”, diz ele. “Basicamente, hoje ele é a personificação da população brasileira.” Questionado se os perfis não-oficiais incomodam a CBF, Ratto garante que não. Muito pelo contrário, inclusive. “Nós não brigamos por direitos (do uso de imagem). A gente sabe que tem um monte de canarinhos ‘fakes’”, diz. “Querendo ou não, eles nos ajudam a divulgar. Exageram um pouco nos palavrões, às vezes, mas criam uma simpatia”, explica. Sobre a palavra "pistola", atribuída a um perfil enfezado, bravo, e não utilizada pela CBF, Ratto diz não que não há incômodo.

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