Praia fica no centro histórico do arquipélago
Divulgação/www.noronha.pe.gov.brUm dos mais belos recantos de Fernando de Noronha e uma de suas principais atrações turísticas, a Praia do Cachorro, no centro histórico do arquipélago, foi interditada para banho pelo Departamento de Vigilância em Saúde após o lançamento irregular de esgoto iniciado na semana passada.
A chefe da APA (Área de Proteção Ambiental) do arquipélago, Lisângela Cassiano, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a estação elevatória onde houve o vazamento recebe metade do esgoto produzido na ilha. Ela não soube dizer o total desta produção nem quantos litros já escorreram para o mar. O vazamento, segundo Lisângela, começou na quinta-feira da semana passada.
Blogs de moradores de Fernando de Noronha relatam que já na terça-feira anterior havia esgoto fluindo em direção à praia. A decisão de proibir banho no local só foi tomada na sexta-feira. O despejo clandestino é investigado pela Polícia Federal. Acusado de crime ambiental, o presidente da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), Roberto Tavares, afirmou que a bomba da estação e o equipamento reserva quebraram.
— A estação elevatória extravasou e estamos sendo acusados de um crime ambiental. Tivemos um problema em uma bomba e a reserva que foi colocada no lugar também quebrou dois dias depois. Não havia oficina para consertar, então a trouxemos para o continente.
O presidente da Compesa relatou o problema ontem ao participar da Conferência sobre Dessalinização, realizada nesta semana no Rio.
— Estamos com dois policiais federais na sala do meu gerente. Não é assim que se resolve as coisas. Temos um País complexo, com sistemas que foram concluídos ao longo do tempo, sob a égide de outras legislações.
Precariedade
A gestora da APA afirmou que a coleta e o tratamento de esgoto são precários em Fernando de Noronha. "Em setembro de 2013 aconteceu a mesma coisa", disse. Na ocasião, a Compesa foi multada. A estação de tratamento de esgoto da ilha fica a 300 metros da estação elevatória da Vila dos Remédios. Além da praia, o Córrego Mulungu foi atingido pelo lançamento irregular de esgoto do arquipélago.
Analista do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Lisângela afirmou ainda que a população local "vive um eterno racionamento" de água na ilha, por causa de problemas no abastecimento, sob responsabilidade da Compesa.
— Não dá para receber mais gente porque não tem água suficiente.
Entrave
No Rio, Tavares acusou o ICMBio de emperrar a ampliação do sistema de dessalinização da água do mar no arquipélago. O órgão ambiental exigiu estudo do impacto do barulho das novas bombas no habitat de golfinhos.
— Vai durar um ano. Estamos tentando reverter isso.
Lisângela rebateu a informação.
— O estudo é simples e barato. Se a equipe for contratada, o trabalho de campo poderia ser feito em uma semana. Precisamos avaliar o impacto porque as bombas seriam instaladas exatamente na rota dos golfinhos.
Hoje, o dessalinizador produz cerca de um milhão de litros por dia, capaz de atender a metade dos 3.000 moradores e turistas. A Compesa planeja investir R$ 4,5 milhões para dobrar a capacidade, importando bombas da Dinamarca.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.