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Desafio do Roacutan: entenda os riscos da nova febre da internet

O objetivo do desafio é diminuir o tamanho do nariz, mas segundo especialistas, o uso pode provocar elevação dos níveis de colesterol no sangue e consequências danosas sobre o fígado

Folha Vitória|

Folha Vitória
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Mais uma moda nas redes sociais: a “brincadeira” na rede social de compartilhamento de vídeos consiste em postar o antes e depois do nariz depois que a pessoa toma um remédio chamado Roacutan. Mas, na verdade, a medicação é indicada para tratamento de acne, e seu uso indiscriminado pode trazer sérios problemas, devido aos efeitos colaterais.

Outro agravante é a quantidade de postagens na rede social sobre o assunto. Somadas, as hashtags 'roacutancheck' e 'roacutanchallenge', já chegam a 29 milhões de visualizações. 

Segundo a proposta do desafio, a ideia é que os usuários apresentem uns para os outros os supostos efeitos dessa medicação no tamanho e formato do nariz.

Apesar do sucesso do desafio nas redes sociais, de acordo com o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu, o remédio possui dentre seus componentes a isotretinoína. 

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Trata-se de “uma substância que diminui as glândulas sebáceas, mas é preciso lembrar que ela faz efeito apenas naquelas pessoas que estão com um quadro de acne severa”, disse. Além disso, ele lembra que a medicação pode causar outros danos para a saúde. 

“Para se ter ideia, a venda de Roacutan é proibida para mulheres em idade fértil, pois nesses casos o bebê tem até 30% de chances de nascer com problemas graves”, ressalta.

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A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou um alerta para o uso indevido de remédios com isotretinoína, como o medicamento popularmente vendido com o nome Roacutan.

A SBD chama a atenção para o fato de que não há qualquer evidência de que o produto tenha esse efeito nos pacientes. Somente no caso de uma doença chamada rinofima, tipo de outra patologia denominada rosácea, pode ocorrer a redução do nariz como efeito de uma redução das glândulas que produzem sebo. Contudo, isso não significa que ocorrerá em outras situações.

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“Não existe comprovação de que pessoas sem essa doença possam ter o afinamento. O nariz tem grande diferença em relação à genética da pessoa. A SBD não recomenda o uso do medicamento para essa finalidade”, explica o médico.

Além disso, a aplicação do medicamento sem acompanhamento pode expor a pessoa a efeitos adversos. O uso pode provocar elevação dos níveis de colesterol no sangue e consequências danosas sobre o fígado.

Desafios das redes sociais podem tem ipacto na saúde mental dos jovens

Do ponto de vista relacionado à saúde mental, Fabiano explica que ao serem instigados a realizar os desafios propostos na plataforma, o organismo dos jovens libera a dopamina, que é um neurotransmissor responsável pelo sentimento de recompensa. 

"O grande problema é que ele é viciante e dá uma sensação de bem-estar, e assim a pessoa fica cada vez mais com desejo de se ‘alimentar’ deste desejo. E quanto ela mais conquista os desafios propostos, mais ela consegue este objetivo de se ‘nutrir’ da dopamina”, detalha.

A pandemia obrigou muitas crianças e adolescentes a passarem mais tempo em casa, longe da escola e do contato presencial com os amigos, o que agravou este problema, observa o neurocientista. 

“Ao ficar mais tempo em casa para acessar as redes sociais, o jovem acaba ficando mais ansioso. E quanto mais ele ficar assim, mais vai ficar dependente da dopamina, pois ela vai trazer um ‘alívio’ para aquela situação. O problema é que com isso se abre um ciclo sem fim, pois cada vez mais a pessoa fica refém daquela sensação aqui descrita”, acrescenta.

Até que chega a um ponto em que a saúde mental fica prejudicada, lamenta o neurocientista: “Quando se ultrapassa o limite a pessoa passa a ter uma disfunção no sistema límbico, que é onde se regula a emoção no cérebro. A pessoa perde a racionalidade, porque o córtex pré-frontal, que fica nessa região do lobo frontal, passa a não funcionar corretamente”.

Mas, por que cada vez mais jovens aceitam fazer desafios como estes? 

Para Fabiano, "isso tudo é uma necessidade de querer ser visto e lembrado. É uma espécie de narcisismo, tanto que isso aumenta esse desejo de ser aceito e acaba se tornando uma espécie de competição, pois o jovem passa a querer cada vez mais ser aceito pelos outros". 

Ainda segundo o especialista, existe uma ideia já culturalmente enraizada de que quem tem seguidores nas redes sociais é quem é mais bem sucedido, o que é algo totalmente equivocado. 

"Por isso eu posso afirmar que a rede social é um dos maiores males, se não o maior, da atualidade, e poderá se converter ainda em uma série de problemas futuros”, completa.

*Com informações da Agência Brasil

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