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Em menos de três anos, Bárbara Penna já fez 224 cirurgias. A jovem de 21 anos precisa de ajuda para subir e descer escada, usa muletas, mas não consegue caminhar por muito tempo, não pode dirigir e o médico não liberou que ela ande de ônibus. O movimento do coletivo pode ser prejudicial às fraturas que ela teve. Em novembro de 2013, após ser espancada, queimada e jogada do terceiro andar do prédio pelo então namorado, Bárbara teve 40% do corpo queimado, quebrou os calcanhares, tornozelos, dedos, cóccix, coluna, joelhos, aprofundou o fêmur na bacia, aprofundou a cabeça, teve lesão no fígado, perda da visão do olho direito, de parte da orelha direita e do cabelo. Sofreu uma parada cardíaca e ficou quatro meses internada
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Hoje, a jovem faz fisioterapia e tratamento psicológico semanalmente e se prepara para mais cirurgias — ela conta que precisa fazer ao menos outros sete procedimentos. O mais urgente é a reconstituição da bacia e a colocação de uma prótese na cabeça do fêmur. Bárbara faz uma campanha na internet para conseguir arrecadar dinheiro para a prótese já que a oferecida pelo SUS não é a melhor opção para o caso dela. A prótese custa R$ 60 mil
Reprodução/Facebook
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Paralelo a isso, ela tenta retomar, aos poucos, sua vida. Em entrevista ao R7, ela contou que tem a consciência de que não vai “conseguir ter uma vida como a de antes”, mas luta por Justiça e foca em sua recuperação.
— Estou tentando me recuperar para ter uma vida normal, na medida do possível. Tudo que eu faço sempre é dependendo de alguémReprodução/Facebook
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Na noite da tragédia, seus dois filhos, Isadora, 2 anos, e Henrique, de três meses, morreram intoxicados pela fumaça que tomou conta do local após João Guatimozim Mojeen Neto colocar fogo no apartamento. Ele e Bárbara haviam tido mais uma briga e ela queria o fim do relacionamento
Reprodução/Facebook
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Após a discussão, a jovem foi dormir e foi acordada sendo espancada, com socos e foi arrastada pelos cabelos. Bárbara desmaiou e quando voltou à consciência, estava coberta de álcool e Neto riscou um fósforo e ateou fogo na jovem. Para pedir socorro, ela foi até uma janela e foi quando o namorado a jogou do terceiro andar. Os dois filhos do casal e um vizinho que tentou ajudar morreram por causa da fumaça. Neto conseguiu sair do prédio sem ferimentos. Bárbara foi levada ao hospital na mesma ambulância em que Neto estava.
— Até hoje sinto dor em todo o meu corpo. Nos pés, joelho, nas vértebras, na cabeça. O motivo de eu levantar da cama é por justiça, por tudo que ele fez comigo e com os meus filhos e pelas pessoas que foram afetadas. Muitas mulheres me procuraram e eu não quero que as pessoas sofram como eu sofro. Não quero ser um marco, mas quero evitar mortesReprodução/Facebook
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Desde a tragédia, Bárbara passou a ajudar mulheres que sofrem violência no casamento.
— Falo para denunciar, não adianta. Por mais que a lei seja bem precária tem que procurar alguém que ajude, porque muitas [mulheres] são dependentes do marido e vão ficando, era o meu caso, mas sempre tem uma solução. O que não pode é ficar naquele relacionamento doentioReprodução/Facebook
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Segundo Bárbara, ela tinha consciência que estava em um relacionamento abusivo, mas achava que não tinha alternativa.
— Naquela época eu não via solução. Não me sentia feliz, mas como eu dependia dele, não tinha para onde ir, a mãe dele falava que tinha que ficar ali, eu tinha problemas com a minha família e aturava aquilo. Não via saída, eu achava que não tinha saídaReprodução/Facebook
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Bárbara chegou a buscar mais independência no relacionamento, mas o ciúme do companheiro impediu.
— Trabalhei em uma loja de móveis e ele vivia me perturbando no trabalho, os vendedores viam, o meu chefe via, então eu larguei. Ele me ameaçava, falava que se eu não saísse ele ia me bater e acabei saindo. Tentei de novo e fui para um shopping trabalhar como vendedora e depois com eventos. Ele ficava indo toda hora nos lugares, vivia me ligando e não deu.
Atualmente, Bárbara faz trufas para vender, mas não chega a ser um trabalho com salário fixo. Ela divulga pela internet e pede ajuda para alguém na hora de fazer a entrega. Cobra entre R$ 2,00 e R$ 2,50 por trufa.
— É um trabalho de formiguinha, é bem complicadoReprodução/Facebook
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Ameaças
Mais de dois anos após o crime, Bárbara conta que ainda sente medo e, por segurança, não tem endereço fixo.
— A tragédia aconteceu de noite, então eu deito a cabeça no travesseiro e volta a noite de terror que eu tive. Eu penso nisso toda horaReprodução/Facebook
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Além disso, a jovem tem dificuldade para dormir e conta que recebe ameaças pelo Facebook.
— Tem menos de um mês que chegou uma mensagem. A pessoa falava que estava louca para que eu morresse e que quando isso acontecesse ela ia comemorar com champanhe. Eu prefiro não acusar ninguém, mas eu nunca tive inimigos e nunca tive problema com ninguém.
Veja aqui como ajudar Bárbara a conseguir a prótese para a cirurgiaReprodução/Facebook
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João Guatimozin Moojen Neto está preso e no dia 19 de janeiro ocorreu a 9ª audiência referente ao caso. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, foi ouvida uma testemunha de acusação e houve o interrogatório do réu, que optou pelo silêncio. Com isso, a fase de instrução foi encerrada. Agora, há um prazo de dez dias "para memoriais com manifestações do Ministério Público, e em seguida para a defesa. Após esta etapa, o processo será concluso para sentença"
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