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No dia 27 de janeiro do ano passado, o Brasil viveu uma das maiores tragédias do País. Ao todo, 242 pessoas morreram, após um incêndio atingir uma casa noturna de Santa Maria (RS), a boate Kiss.
Esta foi a segunda maior tragédia provocada por um incêndio na história do Brasil, superada apenas pelo fogo em um circo de Niterói, no Rio de Janeiro, em 1961, que causou a morte de mais de 500 pessoasDeivid Dutra/Jornal A Razão /Agência O Dia/27.01.2013/Estadão Conteúdo
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Por volta das 2h daquele domingo, um sinalizador, acendido por um músico da banda Gurizada Fandangueira, deu início ao fogo, que se espalhou rapidamente pela espuma de isolamento acústico da casa. Cerca de 800 pessoas estavam dentro da boate na hora em que o incêndio começou. A maioria das mortes foi causada por asfixia, devido à fumaça tóxica
Deivid Dutra/Jornal A Razão /Agência O Dia/27.01.2013/Estadão Conteúdo
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Hoje com 19 anos, Guilherme Bastos Mello (foto) lembra que estava próximo à porta, mas que mesmo assim foi difícil deixar a boate quando o fogo começou.
— Como eu, teve bastante gente também que conseguiu sair que não consegue explicar como é que saiuReprodução/Rede Record
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Muitas pessoas morreram no banheiro, ao confundir a porta com a de saída. Quem conseguiu achar a porta principal da boate se deparou com as grades de proteção da fila, que derrubaram muita gente. Dentro da casa noturna, a fumaça e a escuridão dificultavam mais ainda a possibilidade de alguém sobreviver
Yuri Weber/Jornal A Razão/Agência O Dia/27.01.2013/Estadão Conteúdo
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A maior parte das vítimas era estudante da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Muitos jovens tinham família em outras cidades e haviam se mudado para Santa Maria para fazer faculdade. O professor Sylvio Dornelles (foto) perdeu 31 alunos. Ele conta que, além dessa dor, ainda teve que passar por momentos de forte emoção.
— O mais difícil para mim foi exatamente ter que circular entre os corpos para identificar aqueles estudantes com quem tínhamos uma relação próxima. Isso para mim foi um sofrimento muito grande. Até um momento eu consegui resistir, depois eu não consegui maisReprodução/Rede Record
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Dornelles esteve no ginásio municipal da cidade, para onde os corpos daqueles que morreram no local foram levados. Era lá que as famílias e amigos tinham que comparecer para reconhecer as vítimas
Edu Andrade/AEP/27.01.2013/Estadão Conteúdo
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A rua dos Andradas, endereço da Kiss, nunca mais foi a mesma. Protegida por tapumes, a fachada da boate ainda é visível e virou uma espécie de memorial improvisado. É comum ver cartazes, flores e homenagens àqueles que perderam a vida na tragédia
Evelson De Freitas/AGE/31.01.2013/Estadão Conteúdo
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Rodrigo Moura Rouso (foto) era segurança da Kiss e convive com uma recordação forte daquela madrugada.
— Uma lembrança bem chata que eu tenho da situação era de mão pegando na minha perna na hora que eu estava saindoReprodução/Rede Record
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Santa Maria tem o segundo maior contingente militar do País e ele foi usado naquele domingo. O Exército e a Aeronáutica montaram um esquema especial para transportar e atender aos feridos que eram retirados da boate. A última vítima morreu em maio. Um ano após a tragédia, 42 pessoas ainda lutam para respirar
Evelson De Freitas/AGE/30.01.2013/Estadão Conteúdo
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A polícia e o Ministério Público apontaram quatro responsáveis pelo incêndio: os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmannn; e os integrantes da banda Marcelo dos Santos e Luciano Bonilha Leão. Eles chegaram a ficar presos, mas foram soltos em menos de quatro meses, após uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que causou revolta às famílias e amigos das vítimas. Funcionários públicos e bombeiros também estão sendo processados por permitir que a casa funcionasse sem cumprir as exigências necessárias
Yuri Weber/Jornal A Razão/Agência O Dia/27.01.2013/Estadão Conteúdo