Na última quarta-feira (16), o menino Gustavo Souza Storto, de cinco anos, morreu ao cair do 26º andar do prédio onde morava em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
Ele acordou durante a noite e não encontrou a mãe, que tinha ido buscar o namorado em uma estação de trem. De acordo com relatos da mulher, ele colocou as cadeiras próximas à janela do banheiro e acabou caindo.
Essa tragédia poderia ter sido evitada? Quais os cuidados que uma criança dessa idade exige? Para responder a essas perguntas o R7 entrevistou especialistas no assunto.
Negligência
O médico e professor da Santa Casa, Renato Pescarolo Zan, acredita que uma criança de até 10 anos jamais deve ficar desacompanhada, além de considerar que houve displicência por parte da mãe da vítima.
— A mãe errou em deixar a criança sozinha. Foi uma negligência e ela deve responder por isso, porque você não pode deixar uma criança de até 10 anos sozinha.
Zan comenta os erros que poderiam ser evitados pela mãe neste caso.
— Tem a parte que ela facilitou o acidente como os móveis onde a criança fez a escalada e uma janela com abertura totalmente ampla.
O pediatra e também professor da Santa Casa, Silvio Zuquim, avalia que, se a mãe precisar sair, ela tem que levar o filho junto ou deixar com alguém de confiança. Segundo Zuquim, mesmo que não aconteçam grandes tragédias, as crianças ficam expostas a diversas situações perigosas quando estão sozinhas.
— A questão não é só a tragédia. Tem uma série grande de acidentes que podem acontecer. A criança pode escorregar, cair, bater a cabeça. Acidentes acontecem e uma criança pequena sozinha pode ser vítima.
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Cuidados
O pediatra Zan informa que a cozinha e o banheiro são os dois cômodos da casa onde mais acontecem acidentes com crianças. Ele diz que a prevenção do acidente é o fator mais importante.
— Primeiro você tem que ter prevenção, você deve ter a noção do ambiente e o que pode causar algum acidente. Quanto menor a criança, maior a vigilância.
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Consequências
Questionado sobre o que pode acontecer se a criança ficar sozinha, Zen diz que há duas consequências.
— A primeira é a causa da mortalidade e depois é a da hospitalização. Ou seja, você tem um grande número de crianças que são mortas e, depois, você possui os índices de menores que são internados em hospitais com lesões, queimaduras, choques elétricos, entre outros.
Zan afirma que, segundo um relatório do Ministério da Saúde, cerca de 60 mil crianças de até 14 anos foram hospitalizadas vítimas de quedas no ano de 2012 em todo o SUS (Sistema Único de Saúde). O médico acredita que uma notificação compulsória ajudaria no caso: um documento o qual todos os hospitais deveriam encaminhar para vigilância do Estado ou da Prefeitura, notificando todos os tipos de acidentes. Sendo assim, haveria de fato uma coordenação do governo para diminuir os números.
*Colaborou Plínio Aguiar, estagiário do R7
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