A fundadora do Patronato Lima Drummond, Maria Ribeiro da Silva Tavares, morreu no domingo (21), aos 102 anos, de insuficiência respiratória, em Porto Alegre. Ela passou a maior parte da vida ajudando presos do regime semiaberto. Sem grades ou algemas, Maria ficou conhecida por recuperar centenas de detentos que a chamavam de avó.
Assista ao vídeo:
Maria Ribeiro da Silva Tavares achava que não existia pessoa irrecuperável. Ela conquistou a confiança de detentos. Mais tarde, foram ele que passaram a cuidar da idosa. O ex-detento Roberto Sotello, por exemplo, continuou cuidando da idosa na casa que fica no jardim do abrigo prisional.
— Ela me aprontou para a vida, me aprontou para a sociedade, então eu acho que não deixei nada a desejar com ela, nem ela comigo. Eu estou pronto para a sociedade.
A fundação é referência nacional em recuperação de presos. Enquanto o índice de reincidência no sistema prisional brasileiro é de quase 80%, no abrigo não chega a 10%. A receita era confiança sem limites. Esse era o princípio da mulher que recuperou Camilo Melo, preso desde a adolescência.
— Essa senhora foi uma benção, foi minha segunda mãe.
O velório ocorreu no próprio Patronato, com a presença de autoridades ligadas à área da segurança pública. O sepultamento acontece nesta segunda-feira (23), no Cemitério Jardim da Paz. O diretor da casa prisional, Nício Lacorte, afirma que o trabalho de dona Maria continuará sendo colocado em prática.
— A dona Maria continua sendo a nossa inspiração e as ideias da dona Maria continuarão sendo difundidas nesta casa.
Maria Ribeiro criou o Patronato nos anos 30, pouco depois de ficar viúva. Para isso, usou seus recursos financeiros, o que desagradou a seu pai, um fazendeiro de Pelotas. Na época em que fundou a instituição, Maria trabalhava no Presídio Central.
Em 8 de outubro de 1947, quando ocorreu uma sessão solene de fundação do Patronato, foi escolhido o nome do criminalista João da Costa Lima Drummond para emprestar o nome à instituição.