Seis novos laudos de necropsia realizadas em vítimas da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, indicaram que a causa da morte dos jovens foi a inalação de monóxido de carbono e cianeto. Baseados em exames anteriores, a polícia já acreditava que a causa da morte tinha sido asfixia.
Os laudos foram realizados pelo Instituto Geral de Perícias e chegaram para a Polícia Civil na última quarta-feira (6). Segundo Sandro Meirerz, um dos delegados que investiga o caso, novos exames sobre a causa da morte das vítimas ainda irão chegar. Além disso, a Polícia Civil aguarda também o laudo da perícia do local – que irá indicar onde o fogo começou, quais foram as dificuldades encontradas pelos jovens que estavam na boate e etc – e um laudo dos extintores de incêndio.
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Sobre a investigação, o delegado disse até o momento cerca de 600 pessoas já foram ouvidas pela polícia e o número deve crescer até a finalização do inquérito – previsto para ser concluído na semana que vem. Há possibilidade de indiciamento de pessoas relacionadas aos donos da boate — o estabelecimento está no nome da mãe e da irmã de um dos sócios — e a investigação está focada também nos possíveis problemas na expedição do alvará da boate.
Desde o dia 28 de janeiro, dois integrantes do Gurizada Fandangueira — o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Augusto Bonilha Leão — estão presos temporariamente, assim como os dois sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann. Spohr foi encaminhado à Penitenciária de Santa Maria após receber alta do hospital de Cruz Alta, onde estava sob custódia da polícia. Na última sexta-feia (1º), a Justiça decretou a prisão preventiva dos quatro suspeitos.
Um mês de tragédia
A tragédia completou um mês na quarta-feira (27). O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, aconteceu na madrugada do dia 27 de janeiro e deixou 241 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.
A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização dos bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.
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Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.