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Promotores baleados no RN: servidor planejou crime por três anos e agiu sozinho; veja o que já se sabe sobre o caso

Suspeito se entregou no último sábado e respondeu apenas a três perguntas da polícia

Cidades|Ana Ignacio, do R7

Guilherme Wanderley Lopes da Silva se entregou à polícia
Guilherme Wanderley Lopes da Silva se entregou à polícia Guilherme Wanderley Lopes da Silva se entregou à polícia

Guilherme Wanderley Lopes da Silva, 44 anos, entrou na sala do procurador-geral de Justiça na sede do Ministério Público do Rio Grande do Norte, em Natal, e baleou o procurador-geral adjunto do estado, Jovino Pereira da Costa Sobrinho, e o promotor de Justiça Wendell Beetoven Ribeiro. O crime ocorreu na última sexta-feira (24) e Lopes se entregou à polícia no sábado (25)

Na ocasião, respondeu apenas a três perguntas feitas pelos investigadores, de acordo com a Polícia Civil: Se ele já tinha sido internado para algum tratamento psicológico; se a motivação do crime tinha alguma relação com o fato de seu pai ter sido denunciado pelo MP; e se ele teve ajuda de outra pessoa para cometer o crime. Para todas, ele respondeu que não.

A polícia do RN analisa agora uma carta que o servidor deixou no local do crime. Divulgada pelo MP-RN na segunda-feira (27), o documento tem 19 páginas. No texto, Lopes justifica em 13 tópicos sua ação. A carta foi deixada por ele na sala em que baleou os dois promotores. Planejado desde abril de 2013, a intenção do servidor era matar Jovino, Wendell e Rinaldo Reis, procurador-geral de Justiça do RN — que não foi atingido no ataque de sexta-feira. No documento, o servidor fala sobre os motivos para matar o trio, sobre a arma utilizada, a longa espera, sobre como se sente, entre outros assuntos.

Trecho do documento que o servidor do MP deixou na sala antes de balear o procurador-adjunto e o promotor
Trecho do documento que o servidor do MP deixou na sala antes de balear o procurador-adjunto e o promotor Trecho do documento que o servidor do MP deixou na sala antes de balear o procurador-adjunto e o promotor

Lopes começa explicando que o motivo para o crime "é intuitivo: legítima defesa sui generis própria e alheia. Alguém precisava fazer algo efetivo e dar uma resposta a esse genuíno crime organizado" e diz que está “tentando dar bons exemplos ao Brasil. Como um beija-flor apagando um incêndio. E mudar para melhor. Exagero se combate com exagero. Terrorismo se combate com fogo".

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O servidor fala de corrupção e cita problemas no MP para justificar sua ação e diz estar com medo: "O medo é grande, perco muito dessa vida terrena, é verdade, mas a escolha não foi minha. Quem realmente puxou esse gatilho foram eles. Procurei todos os outros caminhos normais, nenhum deles funcionou".

Ele explica ainda o motivo de, nesses três anos em que já planejava matar os promotores, não ter feito qualquer tipo de ameaça ao grupo, chamado por ele de "gangue": "Se eu avisasse seria sumariamente exonerado e até, no mínimo, proibido de entrar no MP. Somente eu sofreria. Por isso, minha escolha em não avisar. De qualquer maneira, há outro propósito. O mal político precisa saber que a reação do povo pode vir sem aviso".

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O servidor fala também a quem pediria esculpas por sua atitude: "A Deus, a Jesus Cristo e a nossa senhora se, por ventura, o caminho correto não for esse; a minha nobre, maravilhosa e amada esposa e filhos, aos meus pais, irmãos, babá...ou seja, toda a minha família e amigos".

Em outro trecho da carta, Lopes fala sobre como se sente e diz que tentou tomar outros caminhos
Em outro trecho da carta, Lopes fala sobre como se sente e diz que tentou tomar outros caminhos Em outro trecho da carta, Lopes fala sobre como se sente e diz que tentou tomar outros caminhos

Lopes foi levado para um centro de detenção provisória de Ribeira, em Natal. A polícia do RN montou uma força tarefa para investigar o caso e deslocou outros dois delegados para auxiliar o delegado titular no inquérito. O MP-RN também se mobilizou para ajudar na investigação e destacou três profissionais para auxiliaram um promotor de Justiça que já atua no caso. 

Wendell foi atingido por um tiro nas costas, está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e seu estado de saúde é "muito delicado" e não há previsão de receber alta médica. Ele disse nesta segunda-feira que foi vítima "de uma violência gratuita, própria de um criminoso violento". Jovino foi atingido na região abdominal por dois disparos. Ele continua internado e se recupera de um procedimento cirúrgico.

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