A UTI (Unidade de Terapia Intensiva) geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba deve ser reaberta até sexta-feira (1º). O fechamento aconteceu depois que a chefe do setor, a médica Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, foi presa no dia 19 deste mês. Ela é suspeita, segundo a polícia, de antecipar a morte de pacientes internados com o uso de procedimentos médicos.
A liberação da UTI depende de um parecer de uma equipe do Ministério da Saúde, que foi a Curitiba após a prisão da médica. Outros quatro suspeitos, três médicos e uma enfermeira, também estão na cadeia, por suposto envolvimento no caso.
Nesta quarta-feira (27), o advogado que defende a chefe da UTI, Elias Mattar Assad, deu entrada em um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Paraná. O pedido não tem data para ser analisado pelos desembargadores. No documento, ele afirma que a prisão foi feita sem “prova de existência de fato criminoso (materialidade), escudada em falsa premissa de estar investigando crimes contra a vida”.
Assad disse, em entrevista ao R7, que não precisou de muitas explicações para pedir a liberdade da médica.
— O mandado de prisão dela tem 14 laudas, o habeas corpus tem apenas uma. Isso porque não há motivos que justifiquem a permanência dela na prisão. Não existem provas de que foi ela que matou aquelas pessoas.
O inquérito do caso, divulgado pela Polícia Civil na segunda-feira (25), contém gravações feitas por um policial infiltrado na UTI chefiada por Virgínia, com autorização da Justiça. No entanto, para a defesa da médica, isso não é o suficiente para dizer que ela matou os pacientes.
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Entenda o caso
A chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (PR) foi presa no dia 19 de fevereiro por policiais do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde. Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, é suspeita de ter praticado eutanásia — antecipar a morte de pacientes internados na unidade.
As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital, que é considerado um dos mais importantes da cidade. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.
Virgínia chefiava, desde 2006, a UTI geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O setor fica no quarto andar do prédio, local onde a vigilância sanitária encontrou, em 2012, cinzeiros com cinzas e também bitucas de cigarro.
Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.
Também por meio de nota, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.
Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico. Ela assumiu o cargo, que era do marido, depois que ele morreu.
No dia 23 de fevereiro, a Justiça expediu quatro mandados de prisão para três médicos e uma enfermeira. Os anestesistas Edson Anselmo da Silva Júnior, Maria Israela Boccato e Anderson de Freitas foram levados à delegacia no mesmo dia. A enfermeira Laís Grossi se apresentou no dia 25 do mesmo mês.
Os médicos presos negam qualquer conduta antiética e foram orientados pelo advogado de Virgínia a ficarem calados. Foi iniciada uma investigação dentro do hospital, inclusive com membros do Ministério da Saúde, para constatar eventuais irregularidades praticadas pela médica ou por outros profissionais.
Assista ao vídeo:
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