A política brasileira é como nuvem, dizia o falecido governador mineiro Magalhães Pinto : "Você olha e está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".
Nada mais atual.
Há menos de um mês, Michel Temer era um mandatário com prazo de validade vencido. Encurralado pela segunda denúncia de Rodrigo Janot, o presidente parecia um cadáver teimando em permanecer longe da sepultura.
Vitorioso na batalha da Câmara dos Deputados, ganhou fôlego.
Mas os últimos resultados da economia é que estão dando a Temer um capital inimaginável até pelos mais fiéis.
Como a coluna informou, já tem gente graúda do mercado financeiro apostando numa alta do PIB de 1% ainda para 2017. Dito de outra maneira: quando o eleitor estiver depositando o seu voto na urna, o País poderá estar crescendo a 4%.
Com juros em queda, inflação baixa e consumo subindo, o gargalo era a retomada do nível emprego, sempre o último a se mover após a saída de uma recessão. Mesmo aí, os números mudaram de cor. O Ministério divulgou, ontem, que o País teve, pelo sétimo mês seguido, um aumento das vagas de trabalho com carteira assinada. Só em outubro foram 76,6 mil, e desde janeiro são 302,2 mil.
Apesar disso, a popularidade de Temer continua batendo na barriga de uma tartaruga.
Como explicar isso?
As acusações de corrupção de Temer e de muitos dos seus homens de confiança, como Geddel, Padilha e Moreira Franco, dão a pista para se obter uma boa resposta.
Os aliados de Temer, no entanto, confiam na amnésia do brasileiro para garantirem que o presidente da República será o principal cabo eleitoral em 2018. Um dos mais próximos disse à coluna, em tom de brincadeira: "Tive um sonho que antes de começar o processo eleitoral do ano que vem muitos presidenciáveis que corriam de Temer vão brigar para tirar fotografias com ele".
No entorno do Palácio do Planalto tem quem acredite que Temer poderá disputar a própria reeleição.
O velho Magalhães Pinto, realmente, entendia tudo desse negócio de política.
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