-
A adolescente vítima de um estupro coletivo no Rio de Janeiro reclamou da condução das investigações do caso feita pela Polícia Civil. Em entrevista ao Domingo Espetacular deste domingo (29), a jovem de 16 anos disse que foi constrangida e se sentiu desrespeitada na delegacia durante os depoimentos que prestou
Reprodução/Rede Record
-
"Foi horrível [prestar depoimentos]. Eles me culparam por uma coisa que eu não fiz. Perguntaram o que eu estava fazendo lá, falaram que eu estava lá porque eu tinha envolvimento, se eu já tinha feito sexo grupal. [o delegado estava] Querendo me botar de culpada de todas as formas. Falei que não ia mais responder, que não era obrigada a responder", disse a adolescente
Reprodução/Rede Record
-
O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, decidiu neste domingo (29) que a investigação do crime será transferido para a DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima). Em nota, a Civil informou que "a medida visa evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho"
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
-
O crime só se tornou público depois de alguns jovens postarem fotos e vídeos da menor nua e desacordada. Ela disse que preferiu não procurar a Polícia logo após o estupro por vergonha.
— Eu sabia que não ia ter justiça. Eu sabia que eu ia ter vergonha. Eu nem queria falar para a minha mãe... E hoje eu tive a certeza que se eu fosse realmente sozinha isso seria pior. Eles iam me culpar mais do que me culparam hoje -
O caso provocou revolta e indignação no Brasil e no mundo. Alguns famosos se comoveram com a vítima e pediram rigor nas investigações, além de um debate público sobre a violência contra a mulher
Reprodução/Rede Record
-
A adolescente fez um desabafo nas redes sociais dizendo que “não dói o útero e sim a alma”. Na entrevista ao repórter Vnícius Dônola, ela tentou explicar essa dor.
— Foram todas as mulheres junto comigo. Eu sempre me coloquei no lugar de muitas mulheres, mas nesse momento eu realmente senti e sei que muitas mulheres se põe no meu lugar. Então foi uma dor que não foi só em mim. Foi uma dor que foi na alma. Me julgaram, me culparam, mesmo eu não sendo culpada. Me roubaram, não um bem material, e sim um bem físicoReprodução/Rede Record
-
Sentimento comum em vítimas que sofreram agressões semelhantes, a adolescente revela que às vezes se sente culpada por tudo o que aconteceu.
— Eu acordo eu me sinto culpada pelo o que eu não fizReprodução/Rede Record
-
“Vou morrer, pronto acabou”, pensou a adolescente assim que retomou a consciência. Ela afirma que nunca se relacionou com nenhum dos 33 homens que a estupraram, mas já tinha visto alguns deles.
— Dormi e acordei num lugar totalmente diferente com um homem embaixo de mim, um em cima e dois segurando. Várias pessoas rindo de mim e eu dopada. Estava grogue. Muitas pessoas armadas, muitas pessoas, garotos rindo, falando e me segurando tambémReprodução/Rede Record
-
Com tamanha violência, como pensar no futuro? Aos 16 anos, ela ainda não tem planos.
— Eu pretendo ajudar outras pessoas que eu puder. Mas, pra onde que eu vou, o que eu vou fazer da minha vida, eu não sei. Não sei nem se eu vou poder voltar para a escola. Não tá sendo a mesma coisa. Comer, dormir, conversar... A minha vida mudouReprodução/Rede Record
-
Até agora, vários suspeitos foram ouvidos pela Polícia, mas nenhum permaneceu detido desde a divulgação nas redes sociais do vídeo em que a adolescente aparece sofrendo o abuso. Ela está desacreditada da investigação e conta com outro tipo de justiça para o caso.
— Vou esperar pela justiça de Deus, que tarda, mas não falha!Reprodução/Rede Record