Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a subir 2,77%, cotada a R$ 3,68
ThinkstockO dólar subiu mais de 1% ante o real nesta segunda-feira (31) e encerrou agosto cotado a R$ 3,62, maior valor desde fevereiro de 2003, pressionado pelo cenário interno conturbado e por incertezas externas, fatores que devem manter a moeda norte-americana em alta.
Operadores ressaltaram, contudo, que o mercado está propenso a exageros. Embora não descartem a possibilidade de o dólar aproximar de R$ 4 nos próximos meses, a tendência é, segundo eles, que termine o ano acima dos níveis atuais, mas longe dos picos que atingir no curtíssimo prazo.
O dólar avançou 1,17%, a R$ 3,6271 na venda, maior nível desde 27 fevereiro de 2003 (R$ 3,662), e acumulou alta de 5,91% em agosto. No ano, a moeda norte-americana acumula avanço de 36,42%.
Nas casas de câmbio, o dólar para turistas já supera os R$ 4.
Dólar caro favorece indústria, mas pressiona inflação
Real foi a moeda que mais perdeu valor em 2015
"O mercado percebeu que o dólar está muito sensível e qualquer notícia relacionada a agências de classificação de risco deve impulsionar [a moeda]", disse o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado, referindo-se à perspectiva de perda do selo de bom pagador.
"Mas, se o dólar chegar perto de R$ 4, acredito que apareçam vendas, principalmente da parte de estrangeiros", acrescentou.
Preocupações com o cenário político no Brasil e a economia local, de um lado, e com a desaceleração da economia chinesa e a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, do outro, vêm levando especialistas a prever ainda mais altas do dólar.
Nesta sessão, a apreensão ganhou força com a notícia de que o Orçamento enviado pelo governo ao Congresso para 2016 projeta déficit primário de R$ 30,5 bilhões para o ano que vem. Investidores entenderam que essa decisão deixaria o Brasil mais próximo de perder seu grau de investimento, o que provocaria intensa fuga de capitais dos mercados locais.
Leia mais sobre Economia e ajuste suas contas
"Não há nada de animador, nada de boas notícias", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca. "Desde que me entendo por gente, este está sendo um dos piores momentos para o mercado financeiro".
A apreensão com o cenário local somou-se à pressão vinda dos mercados externos e levou a moeda norte-americana a saltar em relação ao real mesmo diante da maior intervenção do BC (Banco Central).
O BC fez nesta sessão leilão de venda de até US$ 2,4 bilhões com compromisso de recompra. A taxa de corte dos contratos com recompra em 4 de novembro de 2015 foi de R$ 3,7210 e a dos contratos com recompra em 2 de dezembro de 2015 foi de R$ 3,756334.
Além disso, o BC sinalizou que deve rolar integralmente os swaps cambiais, contratos equivalentes à venda futura de dólares, que vencem em outubro.
"O BC não consegue estancar a alta do dólar, e nem quer. Ele quer deixar claro que está ali para fornecer liquidez, mas o problema agora não é de liquidez, é de fundamentos", disse o superintendente de derivativos de um importante banco nacional.
Na máxima da sessão, o dólar subiu 2,77%, a R$ 3,6845, maior nível intradia desde 16 de dezembro de 2002, quando foi a R$ 3,7000. Na primeira metade do pregão, o movimento do câmbio foi amplificado pela disputa pela formação da taxa de câmbio de agosto, calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais.
Nas últimas sessões do mês, operadores costumam disputar para deslocar as cotações de forma a garantir uma taxa mais favorável a suas operações. A taxa fechou a R$ 3,6467 para venda.
R7 Play: assista à Record onde e quando quiser
Copyright © Thomson Reuters.