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Após fim do embargo na China, preço do boi bate recorde no Brasil

A arroba (15 kg) atingiu recorde diário de R$ 343 e recorde de média mensal em janeiro de R$ 338,46, segundo o Cepea 

Economia|Ana Vinhas, do R7

Com retomada da exportação para China, preço do boi dispara e bate recorde
Com retomada da exportação para China, preço do boi dispara e bate recorde Com retomada da exportação para China, preço do boi dispara e bate recorde

Após o fim do embargo da carne brasileira na China, o preço do boi para consumo interno disparou e bateu recorde no Brasil. A arroba (15 kg) atingiu recorde diário de R$ 343 e recorde de média mensal em janeiro de R$ 338,46. Trata-se do maior valor para o indicador desde o início da série histórica do Cepea (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação), iniciada em 1994.

No mesmo período, as exportações de carne bovina do Brasil avançaram 31% em janeiro deste ano, com os embarques para o principal comprador, a China, após um embargo de mais de 90 dias encerrado em dezembro de 2021. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), foram exportadas 140,5 mil toneladas da proteína in natura no mês passado.

"A gente observou os preços retomando o patamar mais alto desde dezembro. Após a volta da China, em meados de 14 de dezembro, a arroba começou a escalar. Com as exportações mais aquecidas em janeiro, a arroba do boi gordo atingiu preços recordes acima dos R$ 340. As exportações tiveram papel importante para a valorização da arroba", afirma Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador de pecuária do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Em dezembro, período de demanda sazonalmente mais aquecida para o setor de carnes, o volume de exportação da proteína bovina do Brasil atingiu 150,9 mil toneladas. Deste total, somente 6,79 mil toneladas foram para o mercado chinês, contra 88,635 mil um ano antes, segundo o Ministério da Agricultura.

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A suspensão temporária de importações da China foi motivada por dois casos atípicos da doença EEB (encefalopatia espongiforme bovina), conhecida como "vaca louca". O retorno ocorreu meses após a confirmação científica de que os casos não traziam danos ao rebanho, por serem de geração espontânea, e não contaminação.

Impacto no consumidor

A tendência para os próximos meses é que a alta dos preços seja mantida. "De acordo com os indicadores marcroeconômicos, pelo lado do câmbio, a carne fica competitiva. A perspectiva para 2022, em termos de exportação, é um patamar firme de venda, com reflexo no campo brasileiro, mantendo preços elevados da arroba", avalia o pesquisador de pecuária do Cepea .

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A valorização da carne para exportação acaba impactando o mercado interno. "Se a gente notar os preços em janeiro, a arroba valoriza em torno de 3%, enquanto a carne recua 3%. A arroba valoriza, mas tem um mercado doméstico sem renda, pressionado pelo desemprego, vendo carnes mais baratas, mais competitivas, como a carne suína, que desvalorizou 20%, e a de frango, com queda de 10%. O consumidor corre para proteína que vai caber no bolso", explica Carvalho.

"A exportação vai continuar sustentando o preço da arroba. Na demanda interna, infelizmente, o preço elevado afasta o consumidor, que encontra nas demais carnes uma alternativa mais plausível para o orçamento, dado que a inflação ainda está em alta, além de custos elevados de energia, o que favorede a demanda por proteína mais barata", conclui.

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Preços das proteínas

Com a variação do preço da arroba, o aumento da carne bovina acabou ficando abaixa de outras proteínas, como frango e ovo no ano passado. Mesmo assim, a ida ao açougue em 2021 virou um verdadeiro pesadelo para as famílias brasileiras.

No acumulado de 2021, ascarnes ficaram 9,98% mais caras, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que apontou para uma inflação de 10,06%, a maior alta anual desde 2015.

Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta no preço das carnes foi guiada pelos cortes filé-mignon (+25,23%) e peito (15,11%).

O preço da alcatra, do patinho, da picanha e do contrafilé tem variações que superam os 14%. Na sequência, aparecem a pá, o chã de dentro, o músculo, o cupim, a carne de carneiro e o lagarto comum, todos com altas maiores que 12% desde janeiro.

A costela (+9,97%), o fígado (+9,25%), o acém (+8,64%) e o lagarto redondo (+6,82%) figuram com altas inferiores à variação total das carnes no acumulado dos últimos 12 meses.

Por outro lado, ficou mai baixo ao longo deste ano o preço cobrado pela capa de filé e pela carne de porco, com deflação de, respectivamente, 4,03% e 5,4%.

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