Apresentar contraproposta é importante
Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress - 24.8.2018Renegociar dívidas pode ser a saída para os consumidores que estão no vermelho. Para resolver a situação dos clientes, bancos oferecem mecanismos como redução de taxas de juros, campanhas de renegociação, aumento de prazo ou redução da dívida em si a qualquer momento quando o cliente entra em contato. Especialistas ouvidos pelo R7 orientam sobre como renegociar para limpar o nome e não ter mais problemas no futuro.
O professor de finanças do Insper Ricardo Rocha explica que existem dois tipos de renegociação: a feita para adimplentes e a para inadimplentes. No primeiro caso, o consumidor pode tentar reduzir o valor das parcelas, mesmo que ainda não esteja devendo, enquanto no segundo, a dívida já saiu do controle e não foi possível pagá-la.
“Quando eu fico inadimplente, o poder de barganha que eu tenho é menor”, explica Rocha. Para o especialista, é importante avaliar a capacidade de pagamento na hora de renegociar a dívida, garantindo que o consumidor consiga honrar com ela.
O coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Teixeira, diz que, no momento da renegociação, é importante que o cliente escute a proposta do banco e faça uma contraproposta, considerando uma margem de segurança.
“Cada um vai entender dentro do seu orçamento qual é a margem. Quem ganha menos, tem que ter uma margem maior”, explica Teixeira.
Rocha diz que o consumidor não pode ter vergonha de conversar com o gerente do banco para a renegociação, já que esta pode ser a pessoa que resolverá o problema do devedor.
Teixeira diz que, normalmente, as campanhas de renegociação de dívidas oferecem redução de juros, aumento de prazos ou redução no custo total do valor devido. “Vale a pena negociar. Se essa campanha atinge a necessidade ou não é o que você deve levar em consideração”, afirma Teixeira.
Para Rocha, o endividado deve participar das campanhas, para avaliar se as condições são positivas para si. “Vai lá ver as condições e compare com outro banco”, orienta.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil oferece opções de ampliação do prazo para pagamento, taxas e desconto. A instituição possui a plataforma “Faça Sua Proposta”, em que os clientes podem incluir as condições que melhor se ajustam às necessidades de cada um e que são analisadas por equipes de especialistas em renegociação do Banco.
Também é possível tirar dúvidas com especialistas online.
Bradesco
O banco Bradesco afirma que está sempre disponível para analisar caso a caso as demandas de seus clientes e que vem investindo na disponibilização de soluções multicanais que permitam ao cliente escolher os meios e serviços que melhor atendam às suas necessidades.
Caixa Econômica Federal
A Caixa oferece oportunidades para os clientes que querem renegociar dívidas a qualquer momento.
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Itaú
O banco Itaú está com uma campanha de renegociação de dívidas até o dia 12 de setembro deste ano. Segundo a assessoria de imprensa do banco, as dívidas podem ser parceladas em até 60 vezes e com prazo de três meses para pagar a primeira parcela.
Estas condições são oferecidas a mais de um milhão de correntistas do banco com atraso entre 15 e 180 dias no pagamento dos valores devidos.
Os correntistas com atraso no pagamento superior a 6 meses também podem conversar com o gerente para atenuar o processo de regularização de suas pendências.
Santander
O banco Santander afirma que está sempre aberto a receber os clientes para “renegociar, repensar as dívidas, colaborar com educação financeira”.
Além da possibilidade de ir até uma agência bancária, os clientes têm a opção de entrar em contato com os bancos por outros canais. Veja a lista:
Rocha afirma que existem dois tipos de devedores: aquele que teve dificuldades financeiras por uma situação externa, como o desemprego ou uma emergência que desestabilizou as contas, e aqueles que gastam descontroladamente com supérfluos.
Para ele, o essencial é evitar gastar mais do que 25% a 30% da renda líquida mensal. “Os estudos empíricos mostram que todo mundo que ultrapassa este número vai ficar inadimplente. Vira uma bola de neve”, diz.
Quando o crédito for realmente necessário, Rocha afirma que o consumidor deve contratar os créditos mais adequados e com menores taxas de juros, evitando principalmente o cheque especial e o cartão de crédito que, em julho, registraram taxas de 322,2% e 300,1%, respectivamente.
Rocha diz que estas modalidades até podem ser usadas em uma emergência, mas logo depois que a situação for resolvida, o cliente deve entrar em contato com o banco para trocar a dívida por uma que seja mais vantajosa e que caiba melhor no orçamento.
Só depois que não possuir mais dívidas é que o consumidor deve pensar em investir para construir um patrimônio. O primeiro passo é se tornar consciente sobre os gastos e receitas, avaliar o orçamento e anotar as entradas e saídas — esta etapa pode ser feita tanto em um caderno como em planilhas, o importante é que o consumidor encontre o melhor método para ele — e, por fim, buscar conhecimento para saber onde aplicar o dinheiro que sobrar no final dos meses.
Rocha orienta que a pessoa comece com a poupança, para criar o hábito de guardar dinheiro, e depois estudar para partir para outros produtos financeiros. Segundo o especialista, “exagero de consumo não tem a ver com renda. É mais com comportamento”.