O Brasil registrou déficit primário de R$ 16,138 bilhões em julho, recorde para o mês, em meio ao cenário de receitas em queda e diante da fraca atividade econômica, o que evidencia as dificuldades que o governo terá para cumprir sua meta fiscal neste ano, informou o Banco Central nesta quarta-feira (30).
Com o desempenho do mês passado, o rombo primário em 12 meses totalizou R$ 170,520 bilhões até julho, o que corresponde a 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas nacionais).
Diante do quadro de deterioração das contas públicas, há duas semanas o governo anunciou metas de déficit primário maiores, de R$ 159 bilhões de reais para 2017 e 2018. Antes, os objetivos eram de 139 bilhões e 129 bilhões de reais, respectivamente. Um déficit maior significa, na prática, a possibilidade de ampliação dos gastos públicos. Com isso, esse será o quarto ano seguido que o país não conseguirá fazer economia para pagar juros da dívida pública (quando as contas operam no azul e registram o superávit primário).
A Comissão Mista de Orçamento aprovou na noite de terça-feira (29) o projeto do governo que altera a meta fiscal. Para votar em plenário, no entanto, a Câmara precisa encerrar hoje a votação dos vetos presidenciais iniciada ontem, quando os parlamentares derrubaram um veto e mantiveram outros sete.
Governo federal, BC e INSS com piores números
Segundo o BC, o mau desempenho de julho veio sobretudo do governo central (governo federal, BC e INSS), com déficit primário de R$ 13,977 bilhões, acima do rombo de R$ 11,853 bilhões de um ano antes. Só com a Previdência, o saldo ficou negativo em R$ 13,517 bilhões no mês passado.
Os governos regionais (Estados e municípios) também ficaram no vermelho em julho, com déficit de R$ 2,652 bilhões, enquanto as empresas estatais fizeram pequeno superávit primário de R$ 491 milhões.
Com isso, ainda segundo o BC, o setor público consolidado fechou julho com resultado nominal — receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros da dívida pública — negativo em R$ 44,620 bilhões.
Com rombos fiscais, a dívida bruta do país foi a 73,8 por cento do PIB em julho, enquanto que a líquida ficou em 50,1 por cento. No mês anterior, elas estavam em 73,1 e 48,7 por cento do PIB, respectivamente.
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