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Brasileiros trocam compras nos EUA por outlets nacionais

Dólar subiu mais de 50% em um ano e deixou preços dos produtos menos atraentes no exterior

Economia|Fernando Mellis, do R7

Lojas em outlets brasileiros apostam em descontos e mais opções de pagamentos para atrair clientes
Lojas em outlets brasileiros apostam em descontos e mais opções de pagamentos para atrair clientes Lojas em outlets brasileiros apostam em descontos e mais opções de pagamentos para atrair clientes

O empresário Cristian Schaefer viajou em outubro para os Estados Unidos e voltou de lá com uma certeza: o dólar alto desmotiva muitas compras na terra do Tio Sam. A alternativa encontrada por ele para não deixar de comprar as roupas e calçados que gosta foi ir a um outlet — aquelas lojas de marca que vendem produtos bacanas com "um descontão" — no interior de São Paulo.

— Produtos clássicos, da Nike, por exemplo, eu achei mais barato comprar aqui. Mesmo se for comprar lá fora, tem que calcular bem, porque tem muita coisa que não está mais valendo a pena.

Na loja da grife de roupas Guess, no Catarina Fashion Outlet, uma vendedora faz o comparativo.

— Qualquer blusinha que custe US$ 15 lá, já vai ser R$ 60. Aqui, temos a partir de R$ 39, sem IOF [Imposto sobre Operações Financeiras, de 6,38% para compras com cartão de crédito] e com a opção de parcelar. Muitos clientes estão vindo dos Estados Unidos e acabam comprando aqui, dizendo que está mais barato.

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José Carlos de Oliveira, outro cliente do Outlet Premium, garante: "Se for comprar lá fora, hoje, tem que converter". A última vez que ele foi aos Estados Unidos pagou R$ 2,40 no dólar.

— Muita coisa encareceu com essa alta do dólar. Até o começo do ano passado, ainda dava para fazer um bom negócio lá. Óbvio que sempre vão ter aqueles achados, mas não é regra.

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Alternativa aos shoppings na crise, outlets crescem no Brasil

A enfermeira Renata Rotella Magalhães, que frequenta sempre lojas de marca que dão esse "descontão", explica que já fez compras na Flórida, nos Estados Unidos, várias vezes, mas também admite que o dólar alto é uma barreira.

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— Não fui recentemente, mas acho que hoje está mais difícil. Os valores de outlet lá são bem mais em conta do que daqui. Quando o dólar estava mais baixo, se você comparasse com os preços deste outlet, os de lá eram bem mais em conta. Agora, eu acho que nem tanto. O problema é que a viagem num todo ficou cara.

Imposto de 6,38% cobrado para usar o cartão de crédito também afasta brasileiros das compras no exterior
Imposto de 6,38% cobrado para usar o cartão de crédito também afasta brasileiros das compras no exterior Imposto de 6,38% cobrado para usar o cartão de crédito também afasta brasileiros das compras no exterior

Quando pensa em fazer compras fora do País, a paisagista Renata Sampaio tem outra preocupação.

— Não é só o dólar a R$ 4. É você gastar no cartão de crédito e não saber quanto vai pagar na sua fatura, porque toda semana o dólar oscila. Se você compra aqui no outlet em São Paulo e eventualmente parcela, sabe exatamente quanto essas compras vão custar. 

Além do preço, as condições de pagamento tornam o produto comprado no Brasil mais atraente no atual cenário econômico. Por exemplo, um boné da New Era custa nos EUA, em média, US$ 36 (em torno de R$ 140). Na loja do Catarina Outlet, é possível encontrar peças a partir de R$ 59. Compras acima de R$ 400 podem ser parceladas em até 6x sem juros.

Outlets em SP têm roupa de grife, bolsa importada e tênis pela metade do preço

André Costa, sócio-fundador da consultoria About, diz que os outlets brasileiros sempre concorreram, mesmo que indiretamente, com as lojas da Flórida.

— Para o outlet, a alta do dólar ajudou muito. Há dois ou três anos, o maior desafio do lojista de outlet eram as compras em Miami. Agora, elas praticamente acabaram.

Em 2 de dezembro de 2014, o dólar turismo estava R$ 2,64. Quase um ano depois (em 1º de dezembro), a moeda estava cotada a R$ 4,07. Isso significa que, em 12 meses, comprar nos Estados Unidos ficou 54,1% mais caro.

Questionado se a alta do dólar não tornará os produtos importados de outlets mais caros, o superintendente do Catarina Fashion Outlet, Jorge Pauli Niubo, diz que as grifes têm margem para evitar isso.

— Independente da alta do dólar, o preço dos produtos internacionais aqui já era convidativo no começo do ano. Um eventual repasse da alta do dólar ainda não chegou para nós. Pelo que a gente tem conversado com as marcas internacionais, vemos que elas não pretendem repassar o valor cheio dessa alta do dólar.

O diretor-presidente da General Shopping Brasil — que tem outlets em São Paulo, Brasília, Salvador e Rio —, Alexandre Dias, destaca outros fatores que garantem preços competitivos.

— A grande maioria dos lojistas tem produtos fabricados aqui no Brasil. Muitos produtos também já estão aqui por serem de coleções passadas, já entraram no País com o dólar mais baixo.

Dias ainda explica que, apesar de serem inevitáveis, as comparações de preço precisam levar em conta o mercado brasileiro.

— Quando a gente inaugurou em São Paulo, algumas pessoas me perguntavam por que o outlet americano é mais barato que o brasileiro. Eu respondia que o Big Mac americano é mais barato que o brasileiro, assim como a Coca-Cola e o carro. Tem que comparar banana com banana. No nosso mercado, nós temos uma política de descontos muito alta. Hoje, os descontos são maiores do que os praticados no mercado norte-americano.

Com calculadora na mão, brasileiros continuam comprando em Orlando 

Nesse ponto, os outlets brasileiros oferecem, em média, 30% de desconto em relação aos shoppings convencionais. Mas é possível encontrar peças até 70% mais baratas.

Hoje, o Brasil tem nove shoppings de outlets (SP, MG, DF/GO, RS, BA, CE e RJ). O sócio da About diz que a previsão para 2016 é ainda mais otimista.

— Só ano que vem, vamos inaugurar de quatro a cinco outlets. É mais do que o dobro deste ano, que foram abertos dois.

Serviço

Outlet Premium São Paulo

Rodovia dos Bandeirantes, km 72 - Itupeva

Horário de funcionamento: das 9h às 21h, todos os dias

Catarina Fashion Outlet

Rodovia Castello Branco, km 60 - São Roque

Horário de funcionamento: das 10h às 21h, de segunda a quinta; das 9h às 22h, sextas e sábados; das 9h às 21h, aos domingos

O estacionamento é gratuito nos dois shoppings. Dependendo do movimento, pode não haver vagas. 

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