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CENÁRIOS-Efeito Lava-Jato piora ambiente de crédito no Brasil no início de 2015

Economia|

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - Receosos com o enfraquecimento financeiro das empresas que fazem parte das cadeias de óleo e gás e de construção pesada devido ao escândalo de corrupção da Petrobras, grandes bancos comerciais do país têm pisado no freio de novas concessões de crédito para companhias direta ou indiretamente ligadas a elas, o que deve levar a uma expansão ainda mais fraca dos financiamentos neste ano.

Segundo um alto executivo de um dos maiores bancos do país, um dos motivos da precaução é a demora para publicação do balanço da Petrobras.

O relatório do exercício de 2014 deve trazer o cálculo das perdas da companhia com sobrepreço em obras com empreiteiras, assunto-alvo da investigação Lava-Jato, da Polícia Federal. Os bancos estão aguardando os números auditados da Petrobras para alimentar seus modelos internos de risco que referenciam sua análise de crédito.

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"Estamos segurando crédito até para empresa de marmita, se ela tem como cliente empresas ligadas às investigações", disse o executivo.

O receio tem crescido na esteira do enfraquecimento financeiro das fornecedoras da Petrobras. A própria estatal já teve o rating cortado para grau especulativo pela agência de classificação de risco Moody's. Juntas, Moody's, Fitch e Standard & Poor's já cortaram os ratings de várias das empreiteiras investigadas pela Lava-Jato.

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Na semana passada, a Galvão Engenharia pediu recuperação judicial. [L2N0WS0Q2] No começo do ano, a OAS anunciou que preparava um plano expressivo de redução de despesas e pode vender ativos para reequilibrar sua posição financeira, logo depois de faltar com o pagamento de juros de uma dívida de 400 milhões de dólares. [L1N0UI0DQ]

Embora mais intensa em óleo e gás e na construção pesada, a cautela dos bancos tem envolvido outros segmentos, diz Alberto Jacobsen, sócio fundador da consultoria Riskoffice.

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"A restrição a crédito está cada vez maior. Ninguém quer dar crédito para óleo e gás, construção civil ou pesada, setor elétrico, saneamento, entre outros", diz Jacobsen.

A previsão média dos grandes bancos listados --Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil -- para este ano é de aumento de 8 por cento na carteira de crédito este ano.

Na semana passada, o Banco Central reduziu, de 12 para 11 por cento, a projeção de crescimento do estoque de crédito em 2015, após anunciar que o total dos financiamentos no país fechou fevereiro com avanço de 11 por cento em 12 meses.

No caso das empréstimos corporativos, um indício de que a situação pode estar pior do que os próprios bancos imaginavam foi a notícia veiculada pela Reuters dias atrás, de que o volume de consultas por crédito do BNDES tiveram forte queda neste trimestre na comparação com um ano antes. [L2N0WM24L]

"Os bancos têm sido mais criteriosos nas concessões, mas a demanda também está muito frágil", disse o alto executivo do banco à Reuters sob condição de anonimato.

Ironicamente, um desdobramento dessa postura mais conservadora dos bancos tende a ser a piora dos índices de inadimplência do primeiro trimestre. Isso devido ao efeito denominador, ou seja, volume de calotes cresce como proporção da carteira, que praticamente se estagnou, disse a fonte.

No Itaú, os últimos dois trimestres mostraram alta do índice de inadimplência para pessoas físicas, enquanto o de empresas ficou estável. No BB e no Bradesco, os calotes de empresas fecharam 2014 acima do que estavam no começo do ano, o contrário do que aconteceu com os empréstimos para o varejo.

A expectativa do setor financeiro é que a situação comece a se normalizar somente a partir de maio, tomando como certo que a Petrobras já deverá ter divulgado seu balanço auditado, disse o executivo.

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