Referendo decidirá se a Grécia aplicará cortes exigidos pelo FMI
ReutersO governo de Atenas vai respeitar a decisão nacional de avançar com plano de austeridade de longo prazo caso seja aprovado em referendo, "mas não seremos nós a conduzi-lo", disse o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, nesta segunda-feira (30).
Tsipras disse que qualquer que seja o resultado da consulta popular sobre reformas em troca de dinheiro com credores internacionais, ele seria implementado. No entanto, ele acrescentou:
— Se o povo grego quiser proceder com planos de austeridade na perpetuidade, o que nos deixaria incapazes de levantar nossas cabeças.. Nós vamos respeitar, mas não seremos nós a conduzi-lo.
Tsipras disse que continuava disposto a conversar com os credores europeus para salvar as negociações, com um calote se aproximando na terça-feira. A Grécia precisa pagar sua dívida nesta terça-feira.
"Eu telefone está ligado o dia inteiro. Eu sempre atendo quem quer que ligue".
Manobra europeia
O presidente da CE (Comissão Europeia), Jean-Claude Juncker, ofereceu ao primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, a possibilidade de chegar a um acordo antes do término nesta terça-feira (30) do atual programa de resgate, informaram fontes comunitárias.
Juncker esteve na segunda-feira em contato com Tsipras e explicou como poderia conseguir um acordo de última hora. Concretamente, o chefe do Executivo comunitário disse que Tsipras deveria enviar uma carta para ele, assim como ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, à chanceler alemã, Angela Merkel e ao presidente francês, François Hollande, na qual diz que aceita a proposta das instituições de sábado e se compromete a fazer campanha a favor do "sim" no referendo grego do próximo domingo, disseram fontes comunitárias.
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"Isto poderia aplanar o caminho para outro Eurogrupo que poderia adotar uma declaração sobre a base das linhas já explicadas a Tsipras", acrescentaram as mesmas fontes. Fontes do Eurogrupo consultadas pela Agência Efe disseram, por outro lado, não estar a par de nenhuma nova proposta da UE à Grécia.
Referendo popular
O ministro grego de Finanças, Yanis Varoufakis, afirmou que o objetivo do governo é permitir que os cidadãos se pronunciem sobre a proposta de acordo das instituições no referendo de domingo para poder apresentar depois "uma solução sustentável para a economia grega".
"Nós somos os que dizemos 'sim' ao euro. Mas para dizer 'sim' ao euro, necessitamos de uma solução viável. O problema é que a proposta dos credores não era viável", disse Varoufakis aos meios de comunicação durante sua entrada no Ministério das Finanças.
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O ministro afirmou que é importante assegurar um ambiente tranquilo e em harmonia no próximo domingo para que seja respeitado o direito dos cidadãos de participarem da consulta na qual deverão responder se respaldam ou não as medidas propostas pelos credores em troca do resgate.
O governo pediu que os cidadãos respaldem o "não" porque considera que tais medidas não oferecem uma solução viável para a economia, algo que ainda pode mudar se houver um compromisso. Em diversas declarações feitas nos últimos dias, Varoufakis insistiu que o referendo será realizado de qualquer maneira, mas que o governo estava disposto a modificar sua recomendação se chegasse a um acordo.
Por outro lado, em entrevista ao jornal britânico The Daily Telegraph divulgada hoje, Varoufakis disse que a Grécia estuda medidas legais contra as instituições comunitárias para bloquear a possível expulsão do euro do país e para evitar asfixiar o sistema bancário. "Estamos recebendo assessoria e certamente vamos considerar uma medida no Tribunal de Justiça da UE (União Europeia).
Os tratados da UE não fazem provisão para a saída do euro e nós nos negamos a aceitá-la. Nossa participação (na UE) não é negociável", ressaltou o ministro.
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