Após abrir em queda reagindo à manutenção da Selic em 6,50% pelo Banco Central, o dólar voltou a sucumbir à cena externa e firmou trajetória de alta nesta quinta-feira, já encostando no patamar de R$ 3,70, o maior em pouco mais de dois anos.
Às 15h10, o dólar avançava 0,66%, cotado a R$ 3,7027 na venda, depois de acumular valorização de 3,71% em quatro pregões seguidos.
Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a R$ 3,7086, maior patamar intradia desde abril de 2016. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,35%.
"A decisão do BC foi acertada, mas o dólar está com a dinâmica das moedas lá fora", comentou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin.
No cenário internacional, o dólar subia ante uma cesta de moedas e também divisas de países emergentes, como o peso mexicano e a lira turca.
O rendimento do Treasury dos Estados Unidos de 10 anos também subia e se mantinha acima do nível de 3% nesta sessão. Os investidores têm reforçado suas apostas de mais altas de juros no país este ano, depois de dados firmes sobre a economia norte-americana.
Taxas mais elevadas na maior economia do mundo têm o potencial de atrair recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como o Brasil.
Por isso, pelo menos no início deste pregão, o dólar chegou a recuar, batendo R$ 3,6438 reais na mínima. O BC surpreendeu na noite passada ao manter a Selic em 6,50% ao ano, contrariando as apostas majoritárias de novo corte de 0,25 ponto percentual.
Assim, o diferencial de juros com os Estados Unidos pode não ficar tão pequeno, mantendo os ativos brasileiros com rendimento que possa continuar atraindo investidores.
Mas o movimento durou pouco. Para Gonin, a manutenção da Selic pode não ser suficiente para segurar os recursos aplicados no Brasil diante da perspectiva de alta de juros mais firme este ano nos Estados Unidos.
O BC vendeu a oferta integral de até 4.225 de swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de junho. Dessa forma, já rolou US$ 3,96 bilhões do total de US$ 5,650 bilhões que vencem mês que vem.
Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.
A autoridade já vendeu 5.000 novos contratos de swap, totalizando US$ 1 bilhão em quatro dias de leilões.