O dólar encerrou em alta de pouco mais de 1% nesta segunda-feira (30), voltando ao patamar de R$ 3,28 após marcar a maior valorização semanal em quase cinco meses, com cautela sobre o avanço de medidas econômicas no Congresso Nacional em meio a incertezas políticas.
Também esteve no radar a escolha do próximo presidente do banco central dos Estados Unidos, o que deve ocorrer nesta semana ainda. A briga pela formação da Ptax ajudou a pressionar a moeda norte-americana.
Nesta sessão, a moeda norte-americana avançou 1,17%, a R$ 3,2819 na venda, após alcançar R$ 3,2851 na máxima do dia e R$ 3,2352 na mínima. O dólar futuro era negociado com alta de cerca de 0,5% no final da tarde.
Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou valorização de 1,7%, maior alta semanal frente ao real desde meados de maio, quando veio à tona a delação de executivos da JBS, que atingiu em cheio o governo do presidente Michel Temer.
"Eu continuo muito pessimista quanto à aprovação da reforma da Previdência, pois como os dados econômicos estão melhorando, os políticos estão querendo adiar essa decisão para não se desgastar", afirmou o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Permaneceu no ar o ceticismo do mercado sobre a capacidade de o presidente Michel Temer dar continuidade à agenda econômica, em especial a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar a contas públicas do país em ordem.
Os temores com a cena política cresceram depois que a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia contra Temer, uma vez que o placar abaixo do esperado pelo governo indicou que o Planalto deve encontrar dificuldades para tocar sua agenda dentro do Congresso.
No exterior, os mercados respiravam um pouco mais aliviados com notícias sobre a provável sucessão do Federal Reserve, o banco central norte-americano.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá indicar o diretor do Fed Jerome Powell como próximo chair, no lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro, disse uma fonte à Reuters.
Por Powell ser menos conservador, investidores reduziram os temores de mais altas de juros no país. Taxas mais elevadas nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças financeiras, como a brasileira.
O dólar recuava cerca de 0,3% contra uma cesta de moedas, mas ainda perto da máxima de três meses atingida no pregão passado. Sobre outras divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, o dólar também subia.
A moeda norte-americana ganhou força ante o real no meio da tarde pressionada pelo fechamento mensal da Ptax no dia seguinte, a taxa de câmbio feita pelo BC e usada como referência em diversos contratos.
"Isso é pré-Ptax. Naturalmente, já tinha uma posição de mercado mais comprada... e o mercado está puxando o dólar para uma Ptax mais alinhada com o que quer", disse o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Neste mês, o BC ficou de fora do mercado de câmbio diante do fato de que não havia contratos de swaps cambiais vencendo em novembro para serem rolados. E também não há em dezembro, segundo dados do BC.