O dólar fechou com leve alta e voltou à casa dos R$ 3,40 nesta terça-feira (21), após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, repetir o discurso de que o banco central norte-americano será cauteloso ao elevar os juros e diante de dúvidas sobre a possibilidade de o Banco Central brasileiro intervir no mercado.
A pressão foi limitada pela perspectiva de que o referendo britânico de quinta-feira resulte na permanência da Grã-Bretanha na União Europeia (UE), mas operadores mantiveram a cautela diante de evidências de que a disputa será acirrada.
O dólar avançou 0,20%, a R$ 3,4062 na venda. A moeda norte-americana caiu mais de 1% na mínima da sessão e foi a R$ 3,3560, menor nível dentro de um dia desde 31 de julho de 2015 (R$ 3,3346).
O dólar futuro subia cerca de 0,30% no fim desta tarde.
"Você soma alguma realização depois que a Yellen não trouxe novidades com o nervosismo sobre possível atuação do BC e isso é suficiente para dar um pouco de suporte ao câmbio", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Yellen afirmou que os riscos internacionais e a desaceleração das contratações justificam a postura cautelosa para elevar os juros.
Mais cedo, operadores já haviam ressaltado que o dia poderia mostrar volatilidade relacionada à intervenção cambial do BC brasileiro. A autoridade monetária — agora sob a batuta de Ilan Goldfajn — não fez qualquer intervenção neste mês, mesmo diante da possibilidade de o dólar fraco afetar as exportações.
Isso significa que o mercado brasileiro deve continuar sensível nos próximos dias, com investidores ora testando a disposição do BC de atuar, ora comprando dólares para se antecipar a essa possibilidade. "O mercado quer saber com clareza qual a estratégia do BC", disse o operador de uma gestora de recursos nacional.
Nesta tarde, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que a autoridade monetária aguarda a definição de alguns riscos externos para decidir se vai atuar no mercado cambial.
No Brasil, operadores citaram ainda conversas no mercado sobre possíveis saídas de recursos estrangeiros do país após a Oi entrar com pedido de recuperação judicial. A ação da operadora de telefonia móvel desabava cerca de 20% nesta sessão.
O dólar abriu em forte queda ante o real nesta sessão após novas pesquisas mostrarem vantagem da campanha britânica pela permanência na UE, mas reduziu as perdas após levantamento mostrar que a vantagem diminuiu.
Operadores temem que eventual saída provoque fuga de ativos de risco, golpeando moedas de países emergentes como o Brasil.
O cenário político brasileiro também continuou no centro das atenções. Na véspera, o governo fechou acordo de renegociação da dívida dos Estados com a União, que garante aos entes da federação seis meses de carência para o pagamento de suas dívidas.
"Essa vitória é vista como nova demonstração de força política do presidente interino, Michel Temer", escreveram analistas da corretora H.Commcor em nota a clientes.
Ainda assim, operadores mantinham a cautela diante da possibilidade de novas denúncias enfraquecerem o governo Temer e dificultarem a aprovação de medidas de austeridade fiscal no Congresso.
Bovespa fecha no azul
O principal índice da bolsa brasileira subiu cerca de 1% nesta terça-feira, ajudada pelo dia positivo no exterior e após as ações de bancos reduzirem perdas no final do pregão, com a amenização de preocupações sobre pedido de recuperação judicial da operadora de telefonia Oi, na véspera.
Segundo dados preliminares, o Ibovespa subiu 1,03%, a 50.846 pontos. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 4,63 bilhões.