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Em decisão dividida, BC mantém taxa de juros em 14,25%

Economia|

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano pela terceira vez seguida, mas em uma decisão dividida, com dois membros do colegiado defendendo a elevação da Selic, em sinal de que um futuro aumento pode vir já no início de 2016.

Dos oito integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), seis votaram pela manutenção da taxa, enquanto os diretores de Organização do Sistema Financeiro, Sidnei Marques, e de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, votaram pela elevação da taxa em 0,5 ponto percentual, para 14,75 por cento. Foi a primeira decisão sem consenso desde outubro do ano passado.

Em geral, o BC inicia ciclos de aperto monetário com altas mais brandas, de 0,25 ponto percentual. A inclinação de dois diretores por um passo mais agressivo reforça, para analistas, a visão de que a autoridade monetária estaria se preparando para subir os juros logo mais, mesmo diante da economia em recessão.

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Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, a falta de unanimidade é sinal de que o BC poderá subir os juros já no início do ano que vem. Anteriormente ela previa que isso ocorreria em março.

"Como as projeções de inflação começam a passar do teto da meta em 2016, o BC se vê instado a agir. É uma sinalização de que pode ser que a primeira alta venha em janeiro", afirmou ela.

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Em lacônico comunicado, o BC se limitou a dizer que avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic. A decisão veio em linha com a previsão de pesquisa Reuters, que mostrou que 49 dos 50 economistas consultados apostavam na manutenção da Selic no maior patamar desde 2006.

O Copom suprimiu trecho do comunicado anterior em que assinalava que a manutenção dos juros no atual patamar, por período suficientemente prolongado, seria necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária.

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"Quando você não fala mais do patamar, eu entendo que está autorizado a mudar esse patamar. E quando você não fala mais no horizonte relevante, é porque você tem uma mudança de postura mesmo, de perspectiva", avaliou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima, para quem há agora um claro viés do BC na direção da elevação dos juros.

Ele também chamou a atenção para o fato de os dois votos dissidentes terem pedido alta de 0,5 ponto percentual na Selic, "o que não é exatamente tradição".

Confrontado com turbulências no cenário fiscal e político, o BC havia desistido na reunião de outubro de levar a inflação para o centro da meta no final de 2016, estendendo esse prazo para 2017 e indicando que poderia voltar a subir a Selic se entendesse necessário, apesar da combalida atividade econômica.]

Agora, a autoridade monetária imprime um tom ainda mais duro ao seu discurso em meio à persistente inflação, que no acumulado em 12 meses ultrapassou 10 por cento segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de novembro, muito acima da meta de 4,5 por cento do governo pelo IPCA.

Mesmo com a economia em recessão, o que poderia ajudar a reduzir a alta dos preços, as pressões inflacionárias continuam a aumentar na esteira de ajustes de tarifas e da disparada do dólar.

Com isso, especialistas vêm sucessivamente piorando suas estimativas para a inflação neste e nos próximos anos. Pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra que as expectativas são de que o IPCA vá estourar a meta em 2015 e 2016.

Para 2017, as expectativas também não param de piorar, com previsão de inflação de 5,10 por cento. No início de setembro, a previsão era de inflação fecharia 2017 em 4,60 por cento, bem próxima do centro da meta.

O mercado deve agora se debruçar sobre mais pistas do BC na ata do Copom, que sai na próxima semana, e no Relatório Trimestral de Inflação, que será divulgado em dezembro.

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(Reportagem adicional de Silvio Cascione)

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