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ENTREVISTA-Estácio estuda oferecer financiamento próprio para reduzir impacto de mudanças no Fies

Economia|

Por Juliana Schincariol

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As incertezas sobre o cenário econômico e as mudanças ainda nebulosas no programa federal de financiamento estudantil promovidas pelo governo, o Fies, estão fazendo a Estácio Participações estudar oferecer financiamento próprio aos alunos.

"Se houver um aumento do desemprego e menos oferta de financiamento, isso sim pode gerar uma queda de demanda. Isso não significa perder massa crítica, acho que isso significa crescer menos", afirmou o presidente-executivo da Estácio, Rogério Melzi. Ele citou que a baixa taxa de penetração de alunos no ensino superior no Brasil entre os países da América Latina, mostra que a demanda ainda é alta.

O Brasil fechou mais de 80 mil vagas formais de trabalho em janeiro, no pior resultado para o mês desde 2009, indicando que o mercado de trabalho começou o ano com fraqueza.

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Para driblar as mudanças em relação ao programa de financiamento estudantil do governo, uma das opções que a Estácio cogita é estruturar uma linha de crédito em parceria com alguma instituição financeira privada. Atualmente, isso existe apenas no ensino a distância, por meio do crédito universitário privado Pravaler.

"Nós da Estácio já estamos pensando do segundo semestre para frente. Vamos buscar alternativas sim", afirmou. No curto prazo ainda não há nada sendo feito, disse ele, que frisou que a dependência da companhia ao Fies não é alta.

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"Até porque neste momento não conseguimos entender as mudanças com clareza. Fica difícil para fazer qualquer coisa como contrapartida", disse o executivo nesta sexta-feira.

O Fies ajudou a criar uma cultura de financiamento estudantil no Brasil que vai abrir espaço para que outros agentes financeiros possam se interessar por este mercado, disse o executivo. Ele acrescentou que as condições oferecidas pelo Fies reduziam a atratividade do setor privado neste mercado.

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Segundo Melzi, de cada três novos alunos presenciais da Estácio, um se aplica para o Fies, e o número sobe para 40 por cento considerando o total de estudantes da instituição em 2014. Em 2013, o percentual era de 32 por cento.

"O aumento no ano passado foi muito rápido. Eu confesso que me assustei. A grande verdade é que a Estácio não quer ter esta exposição outra vez... Estou achando muito bom que haja esta restrição para ajustar este nível de exposição para que não se torne tão dependente", afirmou, comentando que a dependência da instituição em relação ao Fies é menor do que outras empresas de educação.

"Não sabemos ainda exatamente quantos (alunos) vão deixar de vir porque não terão alternativa, mas certamente não são todos", disse.

O Ministério da Educação (MEC) anunciou no final do ano passado mudanças no Fies, como exigência de nota mínima de 450 pontos no Enem com validade a partir de 30 de março.

O MEC também estabeleceu que empresas com mais de 20 mil alunos usando empréstimos do fundo poderão vender seus créditos do programa em um intervalo mínimo de 45 dias, ante 30 dias.

Para os contratos válidos para o primeiro semestre, o governo reabriu o site nesta segunda-feira, e alta demanda gerou lentidão e inconstâncias do sistema.

Além disso, cursos com notas 5 (nota máxima de qualidade) estão sendo "plenamente" atendidos nos pedidos de financiamento de alunos, mas cursos com notas 3 e 4 estão recebendo aprovações de financiamentos apenas de acordo com critérios regionais do MEC.

Para os alunos que não conseguirem o Fies, Melzi disse que a companhia vai tentar trazê-los para a sala de aula, oferecendo "bons negócios". "Será uma perda menor (de alunos) do que pode parecer", acrescentou.

Sobre as mudanças anunciadas pelo MEC no final do ano, Melzi afirmou que a trava de reajuste de preço é inaceitável. Em meados de fevereiro, o ministro da Educação, Cid Gomes, definiu que o Fies somente poderia ser concedido a alunos de instituições que tenham promovido aumentos de preços de até 6,4 por cento nos valores dos cursos. O reajuste da Estácio foi de 6,48 por cento.

Segundo Melzi, o sistema do Fies não aceita a adesão de alunos que fazem um maior número de disciplinas em relação ao semestre anterior, algo que naturalmente acaba aumentando o valor da mensalidade. Se o estudante aumenta de quatro para cinco disciplinas, por exemplo, o valor já fica 20 por cento mais elevado.

Em relação à nota do Enem, a Estácio terá um impacto de menos de 5 por cento da captação, disse o executivo. A medida é válida para alunos que deixaram o ensino médio a partir de 2010, e a instituição tem alunos mais velhos, que terminaram a escola antes deste prazo.

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