Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Estudante que vive no exterior quer voltar para tirar Brasil da crise

É o que mostra pesquisa organizada pela Brasa, organização de apoio a estudantes. Levantamento também destaca a decepção de jovens no exterior

Economia|Karla Dunder, do R7

"Fui chamado de louco", diz Vogel
"Fui chamado de louco", diz Vogel "Fui chamado de louco", diz Vogel

João Henrique Vogel criou em maio sua startup, a Cuidas. Ele cursou economia e sociologia na Universidade de Havard, mas decidiu voltar ao Brasil e aplicar aqui o que aprendeu lá. Ele é um dos jovens brasileiros com o perfil que integra uma pesquisa organizada pela Brasa (Brazilian Undergraduate Student Conference) com a Cia de Talentos (consultoria de educação para a carreira), com jovens brasileiros que estão cursando graduação ou pós no exterior.

De acordo com os dados, 48% desses estudantes devem voltar ao Brasil. A maioria também afirma que pretende usar os conhecimentos adquiridos para contribuir com o país.

"Eu cresci em Campo Grande, no Rio de Janeiro, uma área que sofre com as milícias, falta de água e de energia, quando voltava ao Brasil, comparava essa realidade com o conforto que eu tinha em Boston e sabia que precisava voltar e fazer algo", conta Vogel. 

Um talento brasileiro e muito promissor no Vale do Silício

Publicidade

João Henrique Vogel sonhava em cursar engenharia no Rio. "Estudava 14 horas por dia e percebi que poderia tentar um universidade americana, foi então que descobri um programa da embaixada americana e consegui uma bolsa". Quando chegou em Harvard descobriu que a engenharia não era o curso que o movia.

"Tive a oportunidade de estudar três semestres em diferentes cursos, o que foi muito interessante porque descobri que poderia estudar economia". Em uma visita ao Brasil, em meio as manifestações de 2013, o interesse por movimentos sociais foi despertado. "Meu orientador sugeriu algumas aulas em sociologia, que nos Estados Unidos está mais próxima de estatística". 

Publicidade

Vogel ainda trabalhou por dois anos no Estados Unidos em busca da maturidade profissional, mas decidiu voltar. "As pessoas me chamaram de louco, mas sei que posso contribuir e seguir uma vida com propósito."

Pesquisa

Publicidade
Sofia Esteves: "A experiência de vida é o que conta"
Sofia Esteves: "A experiência de vida é o que conta" Sofia Esteves: "A experiência de vida é o que conta"

A pesquisa contou com quase mil respondentes, sendo que 68% são jovens cursando ou já cursaram uma graduação no exterior; 30% cursa ou cursou uma pós-graduação fora do Brasil enquanto 2% está no ensino médio. Dentre os entrevistados, 46% tem entre 21 e 25 anos e 78% ainda mora fora do país, sendo grande parte nos Estados Unidos (59%), França (17%) e Canadá (4%).

Brasileira é única selecionada para bolsa de estudos em universidade de música nos EUA

De acordo com a pesquisa, 26% dos entrevistados pretendem voltar e 22% já retornaram. “Alguns são bolsistas, financiados pelo governo ou por instituições, e precisam prestar contas aqui”, explica Sofia Esteves fundadora da Cia de Talentos. “O que é interessante observar os motivos apontados para o retorno como contribuir para o país sair da crise econômica”.

Outro dado apresentado pela pesquisa aponta que as pessoas voltam para o Brasil depois de aproximadamente três anos vivendo no exterior. “Elas vão em busca de conhecimento e desenvolvimento profissional, mas regressam ao país com o intuito de impactar positivamente a comunidade que integra”, avalia Sofia. 

A vontade de fazer algo pelo Brasil também moveu Deborah Alves. A jovem concluiu o curso de Ciências da Computação em Havard e deixou o trabalho no Vale do Silício. "Por que não aplicar os nosso conhecimentos aqui? Vivemos um momento de crise e ao mesmo tempo temos muito o que fazer por aqui", diz.

Como aponta a pesquisa, 34% estão na dúvida se devem voltar ou não ao Brasil. “É importante notar que a maioria deles está a menos de 2 anos no exterior e um dos motivos apontados é a questão segurança e o medo da violência”.

Para Sofia, existe um super valorização dos cursos no exterior e do que está distante. “Na verdade, a experiência de vida é valorizada, a capacidade de a pessoa conseguir se adaptar, a maturidade e mudança de comportamento é o que mais conta”.

Dos jovens que responderam à enquete, 90% revelaram que tiveram alguma decepção no exterior. “Não é um mar de rosas, a concorrência é muito grande nas universidades e o ambiente é pouco colaborativo se comparado com as universidades brasileiras”. 

A pesquisa foi apresentada durante a Brazusc 2018 (Brazilian Undergraduate Student Conference), na Emory University, em Atlanta. O evento foi organizado pela Brasa (Brazilian Student Association), que tem por objetivo aproximar o estudante brasileiro no exterior à realidade social, econômica e política do Brasil. Nomes como o economista Pedro Malan e a ministra Carmen Lúcia. O próximo encontro está marcado para o dia 17 de novembro, em Paris.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.