Ibovespa fecha a sexta (24) em alta, e dólar à vista cai 0,75% ante real
Na semana, índice da bolsa acumula queda, e moeda dos EUA fica em R$ 5,25, após decisão do BC sobre a Selic não sinalizar corte
Economia|Do R7
Em meio às tensões entre o governo Lula e o BC (Banco Central), o dólar à vista fechou a sexta-feira (24) em baixa ante o real, cotado a R$ 5,2503 na venda, uma queda de 0,75%. O Ibovespa subiu 0,92% no dia, a 98.829,27 pontos, mas contabilizou um declínio de 3,1% na semana. O volume financeiro no pregão somou R$ 20,2 bilhões.
Na quinta (23), o índice de referência do mercado acionário brasileiro renovou as mínimas desde julho de 2022, em semana de perdas acumuladas, marcada por reprecificação de expectativas otimistas em relação à trajetória da taxa básica de juros da economia, a Selic.
Para Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, o desempenho desta sexta reflete uma correção à reação exagerada à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), de manter a Selic em 13,75% ao ano. Ela foi favorecida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de março, que mostrou desaceleração, com a alta em 12 meses passando a 5,36%, de 5,63% em fevereiro sob a mesma métrica.
"Ninguém espera uma redução da Selic antes do segundo semestre. Nenhuma novidade, portanto, nenhuma surpresa [na decisão do comitê do BC]. O tom duro de até aumentar os juros é um claro recado ao arcabouço fiscal. Se alguém esperava algo diferente, é ingenuidade", afirmou Roger.
Dólar
Participantes do mercado aproveitaram as cotações mais altas para internalizar recursos e ajustar posições. No exterior a moeda norte-americana subia, após turbulências trazidas pelo Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha.
Com a derrocada das ações da instituição alemã, pressionadas pela alta no custo de seguro contra inadimplência de seus títulos, a expectativa era de que o dólar passasse por mais uma sessão de alta nesta sexta-feira, com investidores em busca de segurança.
Às 9h43, o dólar à vista marcou a maior cotação da sessão, de R$ 5,3426 (+1%), mas depois as cotações foram caindo até que, perto das 11h30, a moeda já oscilava no território negativo.
Exportadores aproveitaram que a moeda estava acima dos R$ 5,30 para vendê-la, o que levou as cotações para baixo. Além disso, investidores que estavam comprados (posicionados na alta do dólar) no mercado futuro aproveitaram para realizar lucros, o que também pesou sobre as cotações.
Na B3, às 17h12 (hora de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,91%, a R$ 5,2580.
“Tivemos um fluxo positivo com dólar a R$ 5,30, houve bastante venda de exportador, tanto no pronto [moeda à vista] quanto no futuro. Na medida que vai vendendo, o dólar dá uma desacelerada”, disse Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
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Outros analistas afirmaram que, com a forte alta do dólar na quinta-feira (23), em meio às críticas do governo Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, era natural que houvesse um ajuste de preços nesta sexta.
Ao longo do dia, a moeda dos Estados Unidos também perdeu um pouco de força no exterior em relação a algumas divisas de países exportadores de commodities. Às 17h12 (de Brasília), o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,49%.
Contexto da semana
A decisão do Fed (Federal Reserve), o banco central norte-americano, de também elevar a taxa de juros, para a faixa de 4,75% a 5,00%, foi anunciada na quarta-feira (22). A instituição deixou uma mensagem em aberto, sinalizando que pode encerrar em breve o ciclo de aperto monetário, mas reforçando que segue vigilante com a inflação.
Nas praças globais, a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, no último fim de semana, trouxe algum alívio, mas não dissipou completamente as preocupações sobre os sistemas bancários nos Estados Unidos e Europa, na esteira do colapso repentino neste mês de dois bancos norte-americanos.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,56% no dia e acumulou acréscimo de 1,4% na semana.