O setor da construção começa o ano com expectativa pouco animadora. Após as dificuldades de 2014, com a economia crescendo pouco, o início deste ano traz redução de 15,1 pontos na intenção de investimentos em relação a janeiro do ano passado, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). O Índice de Intenção de Investimento no setor caiu para 40,8 pontos neste mês.
A inadimplência dos clientes ganha destaque entre os principais problemas enfrentados no quarto trimestre de 2014.
Essa é a primeira vez que a CNI divulga o Índice de Intenção de Investimento do segmento. O indicador mensal varia de zero a cem pontos e quanto mais baixo, menor é a propensão dos empresários para investir nos próximos seis meses.
Todos os indicadores de expectativas de evolução do nível de atividade, de novos empreendimentos e serviços, da compra de insumos e matérias-primas e de número de empregados ficaram abaixo dos 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo.
Com isso, espera-se a queda no nível de atividade, nos novos empreendimentos e serviços, na compra de insumos e matérias-primas e no número de empregados neste semestre.
Mercado
Conforme a pesquisa, o fraco desempenho da construção se aprofundou em dezembro. O índice de evolução da atividade caiu para 39,4 pontos. O indicador de evolução da atividade em relação ao usual para o mês alcançou 38,2 pontos, o nível mais baixo da série histórica, que começou em dezembro de 2009. A utilização média da capacidade de operação caiu para 63%, o menor desde janeiro de 2012, quando a série histórica foi iniciada.
De acordo com a CNI, o índice de número de empregados também aponta para o agravamento da atividade na construção, já que em dezembro as demissões, que têm superado as admissões há vários meses, foram mais intensas.
O indicador de número de empregados em dezembro em 2014 foi de 39,5 pontos. Os valores da sondagem variam de zero a cem pontos. Abaixo de 50 indicam queda.
A sondagem mostra ainda que o enfraquecimento das condições financeiras das empresas no quarto trimestre representa mais um obstáculo à recuperação do segmento. O indicador de satisfação com o lucro operacional caiu para 38,5 pontos, enquanto o de satisfação com a situação financeira recuou para 41,4 pontos. Os indicadores variam de zero a cem pontos. Abaixo de 50 revelam insatisfação dos empresários.
As condições de acesso ao crédito também pioraram e o indicador ficou em 32,9 pontos, distanciando-se da linha divisória dos 50 pontos, que separa a facilidade da dificuldade. O indicador de evolução dos preços das matérias-primas aumentou para 63,5 pontos, acima dos 50 pontos – o que sugere encarecimento dos insumos.
Dificuldades
A pesquisa mostra ainda que a inadimplência dos clientes ganhou destaque entre os principais problemas enfrentados pelas empresas do setor. As menções ao problema do atraso dos pagamentos, que é o sexto do ranking, aumentaram de 19,4% no terceiro trimestre para 25,5% no quarto trimestre de 2014. No entanto, a elevada carga tributária, com 46,8% das assinalações, e a falta de demanda, com 39,3% das menções, lideram a lista dos obstáculos enfrentados no último trimestre de 2014.