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Inflação, desemprego e juros altos causam fuga recorde da poupança

Brasileiros sacaram mais de R$ 40 bilhões da caderneta somente no primeiro trimestre, o maior valor da história para o período

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Poupança registrou fuga histórica de recursos no primeiro trimestre
Poupança registrou fuga histórica de recursos no primeiro trimestre Poupança registrou fuga histórica de recursos no primeiro trimestre

Os saques das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 40,4 bilhões nos primeiros três meses de 2022. A maior fuga de recursos para o período desde 1995, início da série histórica do BC (Banco Central), é justificada pelo cenário econômico adverso, com inflação, taxa de juros e desemprego em níveis elevados.

O desempenho negativo da poupança entre janeiro e março é fruto de R$ 872,6 bilhões aplicados e R$ 832,3 retirados da aplicação utilizada por quase um de cada quatro (23%) brasileiros, segundo dados do Raio-X do Investidor 2022, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Para Francis Wagner, presidente do App Renda Fixa, a inflação oficial acumulada de 12,13% nos últimos 12 meses, os juros básicos em 12,75% ao ano e o desemprego que atinge 11,9 milhões ajudam a explicar a situação da aplicação ainda tradicional.

"Um país com inflação e taxas de juros de dois dígitos torna outros tipos de ativos muito mais interessantes para quem tem um pouco mais de capital ou acesso a outros tipos de investimento", afirma Wagner.

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Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca que o momento atual faz com que as pessoas resgatem os recursos para cumprir com as despesas do dia a dia. "A população, no geral, não tem aumento de renda salarial, mas sofre com a alta dos custos por causa da inflação. Isso faz com que essas reservas guardadas sejam utilizadas", lamenta ele.

Também pesa contra a poupança a atual rentabilidade da aplicação, 0,5% ao mês, o equivalente a 6,17% ao ano. Significa dizer que, ao colocar dinheiro na caderneta, os brasileiros amargam uma perda real na faixa de 5,3%, o que pode ser revertido em outros investimentos mais rentáveis, com a mesma segurança, que já pagam facilmente 1% ao mês.

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“Hoje em dia é muito fácil e rápido abrir conta em bancos e corretoras, o que pode ser determinante na hora de investir. Aliando-se a isso, o acesso por smartphones às inúmeras notícias sobre investimentos também pode ser outra fonte dessa migração de recursos”, ressalta Wagner.

Saldo final

Com as dificuldades econômicas, o saldo de todos os valores investidos na caderneta, que superou R$ 1 trilhão em setembro de 2020, caminha para perder a marca após uma série de perdas iniciada há um ano. O valor, atualmente em R$ 1,006 trilhão, é 3,15% inferior ao pico atingido em julho do ano passado (R$ 1,038 trilhão).

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Mesmo com as quedas, o presidente do App Renda Fixa afirma que o resultado segue elevado e, por enquanto, não há motivos para crer que essas retiradas em nível recorde possam afetar negativamente a economia nem o mercado imobiliário.

O saldo final da caderneta é essencial para o setor, já que 65% dos recursos captados pelas instituições financeiras devem ser destinados ao SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), o financiamento da casa própria, conforme determinação do BC. 

Para Komura, a continuidade do movimento pode trazer preocupação para o segmento. "Nesses ciclos econômicos vai existir esse tipo de coisas. O ponto positivo em relação a isso é que, por mais que a gente tenha uma redução da caderneta, e isso se traduz na redução do crédito imobiliário, a demanda por imóvel também acaba caindo junto, ocasionando uma compensação", afirma.

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