Alimentos e bebidas subiram quase 10% em 2016. Feijão foi o vilão da inflação e deixou o tradicional PF mais caro no ano passado
Julia Chequer/15.06.2016/FolhapressA inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), fechou o ano de 2016 em 6,29%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (11). O resultado ficou bem abaixo dos 10,67% registrados em 2015, maior nível em 13 anos.
Os preços aceleraram mais entre os produtos e serviços dos grupos saúde e cuidados pessoais (11,04%), educação (8,86%) e alimentação e bebidas (8,62%).
O IBGE ressaltou que, em 2016, a produção agrícola ficou 12% abaixo da colhida em 2015, o que colaborou para a alta da comida no ano passado. O grupo alimentação e bebidas tem peso de 25% nas despesas das famílias.
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Os alimentos para consumo em casa subiram 9,36% e, para quem come fora de casa, os produtos e serviços estão 7,22% mais pesados no bolso do consumidor.
Entre os alimentos que mais subiram, o feijão-mulatinho foi o vilão de 2016, afinal mais que dobrou de preço em relação a 2015. Também colaboraram a tanjerina (74% mais cara), manteiga (alta de 55%), leite condensado (53%), farinha de mandioca (46%), banana-maça (41), creme de leite (38%), café moído (20%), arroz (16%), iogurte e bebidas lácteas (15%) e pão-de-queijo (15%).
Entre os itens de saúde e cuidados pessoais, destaque negativo para as mensalidades dos planos de saúde — 13,55% mais caras, maior variação desde 1997. Já a alta acumulada dos remédios (12,50%) foi a mais elevada desde 2000.
No grupo educação, os cursos regulares ficaram 9,12% mais pesados no bolso do consumidor. Entre as despesas pessoais, os custos com empregado doméstico subiram 10,27%.
Entre os transportes, subiram as tarifas com ônibus intermunicipal (11,78%), ônibus urbano (9,34%), metrô (9,14%), trem (8,45%), ônibus interestadual (7,66%), táxi (7,06%). Já as passagens aéreas foram a exceção, uma vez que fecharam o ano com queda de 4,88%.
Histórico da inflação
Em 2015, a inflação oficial ficou em 10,67% — a maior desde 2002, quando o IPCA encerrou aquele ano em 12,53%. Em 2014, o IPCA encerrou o ano em 6,41%.
O resultado ficou dentro do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5% ao ano. O alvo da meta é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, pode chegar a 2,5% ou atingir 6,5%.
Para 2017, o BCB (Banco Central do Brasil) manteve o centro da meta em 4,5%, mas a tolerância passa a ser de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, poderá chegar a 3% ou atingir 6%.