Ao longo do romance "O Resgate" (editora Sêfer), o jovem Abdias, personagem principal da história, parte por uma jornada pelas ruas e endereços famosos de São Paulo em busca de respostas para suas dúvidas sobre as raízes judaicas de São Paulo e do Brasil, enquanto acompanha fatos históricos que aconteceram no país entre os anos 1970 e os dias atuais.
Aos poucos, e com a orientação de um mentor, que é morador de rua, Abdias descobre a saga dos Bnei Anussim, descendentes dos judeus forçados a conversão cristã durante a inquisição, que hoje emergem comunidades em busca de integração com a Comunidade Judaica Oficial.
A capa do livro traz vários exemplos de sobrenomes de famílias que podem ter origem judaica, por exemplo, Santos, Almeida, Costa e Silva. A obra tem passagens em pontos famosos da cidade de São Paulo como o Pateo do Colégio, Praça da Sé e Museu do Ipiranga.
Há aproximadamente uma década o rabino Ventura vem estudando as comunidades Bnei Anussim no Brasil e como elas têm preservado a tradição judaica e incorporados elementos regionais. Apesar de algumas resistências por parte de certas lideranças oficias, segundo ele, o resgate dessa ancestralidade é uma importante quebra de barreira. O livro, mostra como o judaísmo é parte da cultura brasileira, o rabino Ventura também criou o projeto "Sinagoga sem Fronteiras", online pela internet, que busca de uma integração entre todas as cores e sons, do mundo e do próprio povo judeu. "A ideia é chegar numa perspectiva espiritual mais humana, que não se feche numa etnia ou classe social", disse.
No livro, essa integração se dá entre o personagem principal, um jovem de classe média, e o morador de rua, que é um sábio disposto a compartilhar seus conhecimentos. O desdobramento deste encontro é uma viagem astral que leva Abdias a conhecer mais sobre a chegada do judaísmo no Brasil e suas adaptações.
— No Nordeste, por exemplo, existe uma forte influência da cultura brasileira de raiz. É importante que essa cultura seja divulgada e aceita. O livro traz uma mensagem de quebra de barreiras e da intolerância, disse Ventura.