As mulheres permanecem em trabalhos precários e vulneráveis, recebem os piores salários e possuem jornadas extensas
Marcello Casal Jr/1º.05.2007/ABrEm comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) fez um estudo sobre a inserção das mulheres no mundo do trabalho. O trabalho afirma que, além das desigualdades entre homens e mulheres, “muito há que se dizer sobre as desigualdades existentes entre as próprias mulheres”.
Entre as observações feitas pelo Ipea, a própria presença das mulheres no mercado de trabalho não se deu de forma igualitária, apesar de não haver dívidas de que as mulheres, em especial a partir da década de 1970, adentraram com bastante força no mercado de trabalho.
— Para as mulheres negras, por exemplo, submetidas a condições de vida significativamente mais precárias, a “alternativa” de manter-se fora do mercado apresentou-se com muito menos intensidade e, desde muito cedo, estas mulheres trabalhavam fora de casa para trazer renda às famílias, ainda que esta renda fosse, já naquele momento, percebida como adicional, secundária ou complementar.
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Outro dado que chama atenção no estudo é de que, segundo o Ipea, “o processo de feminização do mercado de trabalho parece estar se esgotando”, já que a taxa de feminina oscilou muito pouco, tendo alcançado seu teto, 59%, em 2005, para depois, em 2011, cair a 56%.
— No último ano, esse valor foi de 57%, inferior ao do início da série. Se voltarmos a 1995, ou seja, 20 anos atrás, é possível perceber que a taxa de atividade para mulheres era de 54,3%, menos de 3 pontos percentuais em relação à taxa de 2014, o que parece indicar um limite de inserção das mulheres no mercado de trabalho.
O Ipea afirma ainda que “em regra, as mulheres permanecem em trabalhos precários e vulneráveis, em setores já tradicionalmente por elas ocupados. Recebem os piores salários e possuem jornadas extensas e incalculáveis de trabalho, produto da acumulação do trabalho remunerado com os serviços de cuidados”.
Entre 1995 e 2014 há duas nítidas tendências nos indicadores de desocupação. Entre 1995 e 2003, a despeito das oscilações anuais, houve forte crescimento das taxas de desemprego, com reversão consistente entre 2004 e 2012.
No período de maior dinamismo do mercado de trabalho há redução expressiva do desemprego, com forte incremento da força de trabalho feminina. No entanto, mesmo nesse período mais dinâmico, as desigualdades raciais entre mulheres e entre homens são menos sensíveis às mudanças conjunturais no mundo do trabalho.
A partir de 2013, as taxas de desocupação experimentam pequena elevação, mantendo as mulheres negras no topo das taxas de desocupação em toda a série histórica.
— Os dados da Pnad 2014 mostram que a taxa de desocupação vem aumentando para todos os segmentos populacionais discriminados por sexo e cor/raça. As mulheres aparecem no topo das taxas de desocupação quando comparadas aos segmentos masculinos, merecendo especial destaque as mulheres negras (10,2%), mais suscetíveis ao desemprego.
O levantamento utiliza dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que cobre o período de 2004 a 2014, último ano para o qual se tem informações disponibilizadas.