Metade das empresas de capital aberto tem recursos para aguentar até três meses sem faturar. É o que mostra um levantamento feito pelo Cemec-Fipe (Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe) e Economática divulgado nesta segunda-feira (30).
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“Esse é o retrato das maiores empresas e das mais capitalizadas do país”, afirma Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe.
“A situação das pequenas e médias é outra história bem mais problemática e exigirá medidas consistentes para evitar quebradeira. Elas vão sofrer mais do que as grandes, que ainda têm algum caixa a ser consumido.”
O estudo foi baseado no balanço de dezembro de 2019 de 245 empresas e mostra a evolução do caixa das companhias com o decorrer de uma paralisia nas atividades.
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A pesquisa dividiu as empresas por setores e avaliou o cenário de paralisação mês a mês:
Primeiro mês
23,3% das companhias ficariam com o caixa negativo nos primeiros 30 dias sem operação
Setores atingidos:
⦁ Automóveis e motocicletas
⦁ Construção e engenharia
⦁ Embalagens
⦁ Materiais diversos
⦁ Químicos
Segundo mês
Número de empresas que ficariam com caixa negativo sobe para 37,1% após dois meses sem atividade
Setores atingidos:
⦁ Automóveis e motocicletas
⦁ Construção e Engenharia
⦁ Embalagens
⦁ Materiais Diversos
⦁ Químicos
⦁ Comércio e distribuição
⦁ Construção e engenharia
⦁ Embalagens
⦁ Equipamentos
⦁ Serviços diversos
⦁ Tecidos vestuário e calçados
Terceiro mês
Paralisação afetaria 48,6% das companhias em 90 dias. A outra metade das empresas chegaria ao final de três meses ainda com o caixa positivo, podendo arcar com as despesas por um tempo maior.
Setores atingidos:
⦁ Automóveis e motocicletas
⦁ Construção e Engenharia
⦁ Embalagens
⦁ Materiais Diversos
⦁ Químicos
⦁ Comércio e distribuição
⦁ Construção e engenharia
⦁ Embalagens
⦁ Equipamentos
⦁ Serviços diversos
⦁ Tecidos vestuário e calçados
⦁ Agropecuária
⦁ Alimentos processados
⦁ Gás
⦁ Máquinas e equipamentos
⦁ Materiais diversos
⦁ Material de transporte
⦁ Petróleo gás e biocombustíveis
⦁ Siderurgia e metalurgia
⦁ Utilidades domésticas
Na avaliação de especialistas, uma das características dessa crise, gerada pela pandemia do coronavírus, é que ela vai atingir todas as empresas globalmente.
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Para o professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV/EESP (Fundação Getulio Vargas/EESP), Marcio Holland, os efeitos no curto prazo serão devastadores no mundo todo.
Brasil deve enfrentar recessão econômica
E no médio prazo ainda serão imprevisíveis. Na avaliação dele, com o choque negativo sobre a economia, é provável que o Brasil tenha recessão econômica neste ano, com risco de contaminar o desempenho do ano seguinte.
Mesmo as empresas que hoje têm uma folga no caixa serão afetadas pela crise.
Isso porque a expectativa é de forte queda na renda, com reflexos no consumo de produtos e serviços.
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Por isso, especialistas que lidam com reestruturação de dívidas já calculam uma escalada do número de recuperação judicial.
“Vejo um ciclo de reestruturação, seja via recuperação judicial ou extrajudicial pela frente”, diz o sócio do escritório Stocche Forbes Advogados, Guilherme Coelho.
Outro executivo da área de reestruturação, que prefere não se identificar, relaciona a situação atual ao efeito da Operação Lava Jato em algumas empresas.
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Segundo ele, de repente, as companhias perderam entre 60% a 90% do faturamento.
Agora também há perdas repentinas de receitas, o que vai fazer muitas empresas procurarem a proteção da Justiça.
A simulação feita durante o levantamento não embute a variação do dólar neste ano e considera que as empresas não teriam nenhuma receita (nem as vendas a prazo já feitas) e conseguiriam renegociar todas as dívidas vencidas no período.
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