Salões fechados obrigam consumidores a arriscarem cortar o próprio cabelo
PixabayQue atire a primeira pedra quem não pensou em comprar uma maquininha de cortar cabelo nessa quarentena. Levando-se em conta os números do comércio brasileiro, a tendência é que pouca gente se sinta no direito de fazer essse arremesso.
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No grupo Via Varejo, das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, números de maio mostram que o produto foi vendido vinte vezes mais do que no mesmo mês do ano passado.
As empresas não revelam a quantidade de produtos vendidos, mas alguns indícios mostram que o crescimento é mesmo absurdo. Numa rápida busca pelos principais sites nacionais percebe-se que alguns modelos estão em falta.
O Mercado Livre, que reúne empresas de todo o país em sua plataforma de e-commerce, registrou um aumento de 24% na venda das maquininhas de cortar cabelo entre 24 de fevereiro e 3 de maio deste ano, em comparação com 2019.
Na América Latina, o crescimento foi ainda maior: 30%, com avanço de 190% apenas na Colômbia.
Em uma busca no Mercado Livre, aparecem opções não profissionais de R$ 30 (marca Xie Xie, NHC-3780) a R$ 2.729 (Whal Legend 5 Star Series, 110 V).
Na Via Varejo, o preço das máquinas vai de R$ 40 a R$ 2 mil e o modelo mais vendido é o Home Cut Basic, da Wahl, por R$ 56,90 nas Casas Bahia, na terça-feira (26).
A norte-americana Wahl é a marca que criou as maquininhas de cortar cabelo em 1919 e hoje é a maior fabricante do produto no mundo.
A companhia tem uma fábrica em Jacareí, interior de São Paulo, e lidera a comercialização do produto no mercado nacional, seguida por Mondial e Philips.
O diretor de vendas e marketing da Wahl, Itamar Américo, diz que só no Brasil, nesse período de quarentena, as vendas subiram de 300% a 400% de março a maio.
Máquinas de cortar cabelo
Wahl / DivulgaçãoSegundo Américo, a procura maior ajuda a aliviar o caixa da empresa, desfalcado com a queda nas vendas das máquinas profissionais.
"Tivemos uma redução de aproximadamente 15% no faturamento total no período da pandemia e essa busca por produtos domésticos ajuda a aliviar a situação."
Américo explica que o estoque de produtos da marca no Brasil ficará comprometido já daqui a um mês se a economia nacional se mantiver paralisada.
A Wahl trabalha com estoques para três ou quatro meses, explica o executivo, mas com a redução da produção chinesa, mesmo após a reabertura no país, tem sido cada vez mais difícil manter essa meta.
"As maquininhas domésticas vêm de nossa fábrica na China e, desde janeiro, quando o país se fechou por causa do novo coronavírus, temos tido dificuldade para abastecer o mercado, ainda mais com esse aumento na procura."