Donald Trump apoia entrada do Brasil na OCDE
Carlos Barria/ReutersO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (19), durante o encontro com Jair Bolsonaro, que apoia a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), composta por 36 países desenvolvidos, que têm em sua maioria elevados PIB (Produto Interno Bruto) per capita e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
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Os países que integram a organização discutem políticas públicas e econômicas para tentar solucionar problemas comuns e coordenar políticas nacionais e internacionais.
Ao R7, o economista André Perfeito falou sobre a possível entrada do Brasil na OCDE. “Seria muito bem-vinda essa notícia. Cria uma série de intercâmbios de pesquisadores e também cria cena para dados macroeconômicos”, explica. “Isso é muito bom”, completa.
Perfeito alerta, no entanto, para uma entrada consciente e não “a qualquer custo”. “O que tem que ver é quanto custa isso, como o fato de abrir mão de prerrogativas da OMC [Organização Mundial do Comércio]. Esse custo tem que ser ponderado, porque entrar de qualquer jeito não me parece uma atitude muito sábia.”
Mauro Rochlin, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, explica que fazer parte da OMC não impede que o Brasil entre para a OCDE, porém seria preciso abrir mão de privilégios.
“Não são excludentes. O Brasil pode se manter na OMC e fazer parte da OCDE. O que se discute é se o país tem que abrir mão da categoria, aceitar não se enquadrar na categoria de nação em desenvolvimento para, assim, entrar na OCDE”, avalia.
Isso porque os países integrantes da OCDE são desenvolvidos. O Brasil, por sua vez, é um país em desenvolvimento. Para entrar na organização, provavelmente, o país precisaria abrir mão de direitos já adquiridos na OMC.
“Vejo com uma certa reserva. Esses benefícios que uma nação em desenvolvimento concede podem ser ainda instrumentos que o país pode prescindir”, diz. “Então, por exemplo, alguns setores industriais no Brasil ainda têm muito pouco tempo de existência e são setores que a gente chama de infantes ou emergentes. Isso permite que o país estabeleça certas barreiras tarifárias à importação. Sem essa cláusula, sem esse enquadramento, o Brasil não pode mais lançar mão de medidas para proteger eventuais indústrias que venham a surgir no país”, avalia Rochlin.
Perfeito acrescenta que entrar na OCDE, desde que não abra mão dos privilégios já conquistados, é importante. “Na minha opinião, o ganho de entrar na OCDE é no sentido de espaço, de capacidade de interlocução, de contatos diplomáticos. Se tiver que abrir mão do status de perder benefícios já conquistados, não é a solução. É melhor ficar com as vantagens que já temos”, afirma o economista.
Para Mauro, manter a condição de país em desenvolvimento é essencial para o Brasil não sair perdendo na organização. “Perder essa condição não traria, de fato, grandes vantagens para o Brasil. É um país de indústria ainda não muito diversificada, que busca espaço para emergir. Alguma proteção pode ser necessária nesses casos. Abrir mão de medidas protecionistas sem nenhum tipo de compensação não é um bom negócio. Perder essa condição é o mais grave”, conclui.
Sobre a OCDE
A maioria dos países integrantes da OCDE é composta por economias com elevados PIB (Produto Interno Bruto) per capita e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e, por isso, são considerados países desenvolvidos.
A OCDE atua como uma organização que coopera e discute políticas públicas e econômicas que guiam os países integrantes dela. Os países que entram no acordo têm uma série de medidas econômicas liberais e contam com uma espécie de selo de investimento, que atrai investidores do mundo todo.
Em maio de 2017, o Brasil pediu para fazer parte da OCDE.