(Reuters) - A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas sedes da BR Distribuidora, da Petrobras, e da Ipiranga, que pertence ao Grupo Ultra, além de ter interrogado funcionário da Raízen, como parte de operação nesta terça-feira que investiga cartel na distribuição e revenda de combustíveis no Distrito Federal.
A Raízen é uma joint venture da Cosan com a Shell.
Segundo a PF, há uma "sofisticada organização criminosa" que atua há "vários anos" e teria movimentado valor que pode chegar a 1 bilhão de reais por ano, em esquema de combinação de preços entre as principais redes de postos de combustível do Distrito Federal e do entorno.
"Somente a principal rede investigada vende 1,1 milhão de litros de combustível por dia, um lucro diário de quase 800 mil reais com o esquema", disse em nota a Polícia Federal, sem especificar qual seria a empresa.
A operação, com cerca de 200 policiais federais, cumpriu 44 mandados de busca e apreensão, 25 conduções coercitivas e sete prisões temporárias em endereços no Distrito Federal e nas sedes da BR Distribuidora e da Ipiranga no Rio de Janeiro.
"Foi comprovado que as duas maiores distribuidoras de combustível no Brasil sabiam do cartel e estimulavam a fixação artificial de preços dos combustíveis no Distrito Federal e no entorno, por meio de seus executivos", afirmou a PF.
De acordo com a polícia, uma das principais estratégias do cartel era tornar o etanol economicamente inviável para o consumidor, mantendo valor do combustível sempre 70 por cento mais caro que o preço da gasolina, mesmo durante a safra.
"Com isso, o cartel forçava os consumidores a adquirir apenas gasolina, o que facilitava o controle de preços", explicou a PF.
Procuradas, a BR Distribuidora e a Ipiranga informaram em nota à imprensa que estão colaborando com as autoridades.
A BR destacou que "a empresa pauta sua atuação pelas melhores práticas comerciais, quaisquer irregularidades serão investigadas e os responsáveis, punidos".
Já a Ipiranga afirmou que as medidas cabíveis serão avaliadas assim que a empresa obtiver conhecimento do processo. A Ipiranga ressaltou ainda "o seu compromisso com o cumprimento das normas legais, inclusive da legislação concorrencial e da sua Política de Compliance."
Já a Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil, informou que na manhã desta terça-feira teve um de seus funcionários encaminhado à Polícia Federal para esclarecimentos referentes à Operação Dubai, já tendo o mesmo sido liberado.
A empresa ressaltou em nota que age "sempre de acordo com a lei, prezando pela ética no relacionamento com todos os seus públicos".
"Além de oferecer periodicamente treinamentos antitruste, investe ainda na criação de instrumentos de controle e aprimoramento no combate a práticas ilícitas, em capacitação de funcionários e parceiros em relação ao código de conduta e compliance", disse a Raízen, acrescentando que vai colaborar com as investigações.
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(Por Pedro Fonseca e Marta Nogueira)