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PF prende outro ex-diretor da Petrobras e executivos de empresas na Lava Jato

Economia|

Por Sérgio Spagnuolo e Gustavo Bonato

CURITIBA/SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal lançou nesta sexta-feira nova fase da Operação Lava Jato, com a prisão do ex-diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais da Petrobras Renato Duque, aumentando a tensão na companhia e no mercado, após uma série de denúncias de corrupção nos últimos meses envolvendo grandes obras da estatal.

Segundo a PF, 300 policiais federais cumprem 85 mandados judiciais em cinco Estados e no Distrito Federal ao longo desta sexta-feira, com a prisão de quase 20 executivos de outras empresas, além de Renato Duque.

A operação eleva os riscos financeiros para a Petrobras, cujas ações preferenciais chegaram a cair mais de 5 por cento mais cedo e recuavam 3,1 por cento por volta das 16h10, em meio ao adiamento na divulgação do balanço do terceiro trimestre por conta da Lava Jato.

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A investigação da polícia nesta sexta-feira foca em sete grandes empresas com 59 bilhões de reais em contratos com a estatal, ampliando as preocupações de investidores, que vêm sendo alertados de que a empresa poderá ter que realizar baixas contábeis, com implicações para o pagamento de dividendos, ou mesmo terá dificuldades de acessar mercados de bônus.

A estimativa da PF é que tenham sido bloqueados cerca de 720 milhões de reais em bens de 36 investigados.

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"As diligências realizadas nos últimos oito meses, as quebras de sigilo e os depoimentos colhidos dão material robusto para demonstrar o envolvimento delas (empresas) na formação de cartel em licitações e também no desvio de recursos para corrupção de agentes públicos", disse o delegado Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado, em Curitiba.

"Em quatro casos temos empresas que fazem parte do mesmo grupo." Segundo a PF, sete grupos empresariais foram alvo de mandados de busca e de prisões.

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A PF não quis divulgar nomes de outras pessoas presas nesta fase da operação. Dentre os investigados, 18 já haviam sido presos de manhã e outras seis pessoas foram conduzidas para depoimento.

Os envolvidos responderão por crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.

Segundo o delegado, boa parte dos contratos está sob investigação da Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal. "São contratos feitos nos últimos dois anos e a maioria deles ainda vigente."

O delegado explicou que as prisões desta sexta foram concentradas em executivos que participaram ativamente na celebração de contratos e em alguns agentes secundários envolvidos no transporte de valores para doleiros e para lavagem de dinheiro.

Duque, ligado ao PT, era responsável pela assinatura de diversos contratos da estatal.

O representante da Receita Federal Gerson Dagord Schaan disse a jornalistas pela manhã haver a estimativa de "1 bilhão de reais em impostos devidos, multas e juros sobre essas grandes empresas envolvidas", relativos a serviços "supostamente prestados" de assessoria e consultoria. 

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PRISÃO DE DUQUE

A defesa de Duque, ex-diretor da Petrobras, disse que ele foi preso em casa, no Rio de Janeiro, sem conhecimento de nenhuma acusação contra ele. Os advogados prometem adotar medidas após tomarem conhecimento do motivo da prisão temporária.

A Operação Lava Jato foi deflagrada em março, com o objetivo de desarticular organizações criminosas envolvidas em lavagem de dinheiro e prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

A operação já resultou na prisão do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, acusado de participação em um suposto esquema de corrupção envolvendo desvio de recursos para partidos e políticos. O ex-diretor disse à Justiça Federal, sob acordo delação premiada, que grandes empresas fecharam contratos com a Petrobras com sobrepreço, que alimentaria recursos para partidos e políticos governistas.

Tanto Paulo Roberto Costa como Renato Duque foram as primeiras grandes mudanças realizadas na cúpula da Petrobras, em abril de 2012, após a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, assumir a companhia no início daquele ano.

A Petrobras e o governo não se manifestaram sobre as últimas prisões da operação.

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EMPRESAS

A empreiteira Odebrecht confirmou, em nota, que a Polícia Federal esteve no escritório da empresa no Rio de Janeiro para cumprimento de mandado de busca e apreensão de documentos, "expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras".

A Odebrecht disse que recebeu os policiais, colaborou no acesso a documentos e reafirmou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

A empreiteira Mendes Júnior também confirmou, por meio da assessoria de imprensa, que agentes da PF estiveram em seu escritório em São Paulo, mas negou que o empresário Sérgio Cunha Mendes tenha sido preso, conforme noticiado pela imprensa, já que não está no Brasil.

Outras empreiteiras foram alvo da ação da PF na manhã desta sexta.

Desde cedo, policiais estiveram na sede da construtora Camargo Corrêa em São Paulo. Contatada, a assessoria de imprensa da empresa não fez comentários.

A construtora OAS disse que policiais estiveram em sua sede em São Paulo e que prestou todos os esclarecimentos solicitados, dando acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal. Disse ainda que continuará colaborando com as investigações.

A imprensa relatou também incursões da PF em escritórios da Queiroz Galvão e da UTC Engenharia.

A Queiroz Galvão limitou-se a dizer "que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".​

Já a UTC Engenharia afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que "colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades".

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(Reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr., em São Paulo, e Anthony Boadle, em Brasília)

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