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População com renda superior a R$ 5 mil aumenta 130% nas favelas em 2 anos

Economia|

Cleyton Vilarino. São Paulo, 3 mar (EFE).- Tradicionalmente estigmatizadas no Brasil, as favelas viram sua população com renda superior a R$ 5 mil aumentar consideravelmente nos últimos anos de acordo com dados divulgados nesta terça-feira em São Paulo durante o Fórum Nova Favela Brasileira, organizado pela Central única de Favelas (CUFA) e o instituto de pesquisas Data Popular. De acordo com os dados apresentados, 7% do total dos moradores de favelas podem ser considerados de classe social alta, um aumento de 130% em apenas dois anos. "Enquanto no Brasil 22% dos lares são das classes A e B, nas favelas esse percentual é de 7%. Ainda é muito pouco, mas já é mais do que os 3% que tínhamos em 2013." destacou o pesquisador e diretor do instituto Data Popular, Renato Meirelles. Segundo Meirelles, o fortalecimento de uma classe alta dentro das favelas tem se dado por meio do empreendedorismo, cada vez mais forte nestas comunidades e que impulsiona a economia local, quando estes pequenos empresários optam por serem "os mais ricos entre os mais pobres a serem os mais pobres entre os mais ricos". "Na prática o que a gente percebe é que essa vontade empreendedora está fazendo surgir uma nova elite dentro da favela. Uma elite que não é apenas a elite do tráfico da violência ou da criminalidade, é a elite do empreendedorismo", ressaltou o pesquisador. De acordo com os dados divulgados pela pesquisa, quatro em cada dez moradores da favela possuem a intenção de abrir o próprio negócio, sendo 55% deles com prazo estimado de um a três anos. Além disso, mesmo entre os que ainda planejam iniciar o próprio negócio, 63% afirmou que quer fazer isso dentro da própria comunidade, reafirmando uma tendência cada vez mais forte da população local de não querer deixar a favela. Um dos motivos para isso, segundo Meirelles, seria o ambiente comunitário e colaborativo que a favela proporciona a seus moradores diante de uma ajuda mútua nos desafios do dia-a-dia. "Essa rede econômica que existe dentro da favela que faz com que todo mundo ajude todo mundo significa, na prática, economia. Mais de 20% dos internautas da favela, por exemplo, rateiam o ponto de wi-fi", exemplificou Meirelles ao destacar que "a régua da favela é diferente da régua do asfalto". "Na favela os valores que contam são os valores da solidariedade, da colaboração. Essas pessoas não querem abrir mão de tudo isso quando vão para o asfalto", comentou o pesquisador. No entanto, Meirelles ressaltou que, ao sair das favelas, estes moradores passam a enfrentar uma série de preconceitos sociais, econômicos e raciais, fazendo com que a permanência em seus locais de origem seja, também, uma forma de resistência. "Muitas vezes continuar na favela significa não se sujeitar a estes preconceitos", explicou o pesquisador. Em relação à crise econômica que atinge o país e que ameaça a continuidade desta ascensão econômica, o pesquisador aponta que este tipo de problema "não é exceção, mas a regra" dentro destas comunidades, que já aprenderam a lidar com cenários como o que se desenha no país para os próximos anos. "Estas pessoas cresceram aprendendo a se virar no processo de crise econômica. Tem muita gente fazendo bico para conseguir uma renda extra e não ter que tirar o iogurte do carrinho de supermercado, por exemplo", concluiu o pesquisador, lembrando que "a favela é craque em transformar limão em limonada". EFE cv/rsd

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