Evolução dos dados mostra que o Brasil tende a cair para a última colocação do ranking nos próximos anos
Getty ImagesA construção civil brasileira segue entre as menos produtivas em relação aos principias países do mundo. Entre 2003 e 2013, os dados nacionais melhoraram, mais ainda seguem a frente apenas da China e são quatro vezes menores do que os apresentados pelos Estados Unidos — país utilizado como base para o cálculo.
Segundo o levantamento divulgado pelo SindusCon-SP (Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo), em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas), que comparou a produtividade da construção em 17 países, o desempenho do setor no Brasil é “muito menor” do que o observada nos países desenvolvidos.
O vice-presidente do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, afirma que aumentar a produtividade é a tarefa mais urgente a ser tomada para que o setor, que deve finalizar 2015 com 557 mil vagas com carteira assinada a menos, é essencial para a retomada do crescimento da construção no País.
— Para a construção civil, não basta que o pedreiro faça uma parede mais depressa. [...] Não adianta você ter uma empresa extremamente produtiva em um ambiente improdutivo. O investimento interno em produtividade vai ser mais eficaz se ele for acompanhado de um ambiente externo do aumento de produtividade.
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No período usado para a análise dos dados, a produtividade nacional evoluiu 20,6%, mas deve cair para a última colocação, tendo em vista a evolução de 108% obtida pela China no mesmo intervalo. A coordenadora de projetos da FGV, Ana Maria Castelo, avalia o resultado como “decepcionante”.
— A gente vê que é questão de tempo a China nos ultrapassar. [...] O crescimento da produtividade da construção brasileira, sem dúvidas, está relacionado ao fato da própria dinâmica do crescimento.
De acordo com Ana, o intervalo usado para a realização do levantamento é exatamente o período em que o setor mais cresceu. No entanto, ela avalia que, o desenvolvimento das empresas não acompanhou o mesmo ritmo.
— De 2007 a 2013, o setor cresceu mais de 80%. Com certeza, isso ajudou a melhorar a produtividade, mas menos do que seria esperado pelo tamanho dessa evolução. Isso aconteceu porque a própria produtividade das empresas não melhorou nesse período.
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A coordenadora lembra que os principais desafios para melhorar a produtividade do setor podem ser solucionados com fatores externos (estrutura tributária, burocracia, custo do capital e previsibilidade) e internos (gestão, mão-de-obra qualificada, processo produtivo e fornecedores).
Veja o ranking completo e a evolução observada entre 2003 e 2013:
Espanha: 105,6% (+ 66,5%)
França: 104,7% (+ 12,1%)
Estados Unidos: 100% (+7,8%)
Holanda: 98,3% (+ 10%)
Reino Unido: 95,7% (+ 6,8%)
Suécia: 94,7% (+ 16,8%)
Canadá: 78,9% (+ 4,9%)
Alemanha: 78,7% (+ 17,2%)
Austrália: 75,2% (+ 5,9%)
Itália: 74,5% (- 0,6%)
Coreia do Sul: 67,7% (+ 17,9%)
Japão: 57,8% (+ 7,7%)
Índia: 42,1% (+ 62,3%)
Portugal: 37,2% (+ 8,9%)
Rússia: 26,3% (+ 7,9%)
México: 22,9% (- 2,9%)
Brasil: 20,3% (+ 20,6%)
China: 15,1% (+ 108,4%)