Marcelo Martins decidiu, há um ano, investir em uma empresa de produção de pães sem glúten
Vanessa Beltrão/R7De químico a empresário do ramo da panificação. Há um ano, Marcelo Martins, decidiu investir R$ 2 milhões na fabricação de pães sem glúten. Em apenas 12 meses, a empresa faturou o mesmo valor.
— Tenho uma outra indústria de aromatizantes, são insumos para cheiro e sabor em alimentos. Eu decidi investir no mercado de alimentos sem glúten, venho acompanhando há alguns anos e vi um crescimento, uma forte tendência de mudanças nos hábitos de alimentação.
Marcelo é um dos exemplos de como o mercado desse segmento está crescendo. Levantamento da e4agência, que promove um dos principais eventos do setor — a feira Gluten Free São Paulo —, mostra que, nos últimos sete anos, o número de estabelecimentos na capital paulista mais do que duplicou, passando de 450 para 1.200.
A indústria de Marcelo, chamada de Berti Gluten Free, fabrica cerca de 5.000 pães de diversos tipos todos os dias: pão de forma, de hambúrguer, hot dog e minipães. Os produtos beneficiam principalmente os chamados celíacos.
Quem possui a doença celíaca tem intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados e que deixa o alimento mais elástico e “fofinho”. No Brasil, quase 2 milhões de pessoas possuem essa doença.
Mesmo sendo um produto de grande necessidade para os celíacos, os preços ainda não são em conta. Os produtos são vendidos em lojas de produtos naturais e um pacote de pão de forma, custa, em média, R$ 12. O empresário justifica o valor afirmando que a fabricação requer ingredientes mais nobres e alguns, até mesmo, importados como a fibra de psyllium husk da Índia.
— Para você ter uma ideia, em uma fatia [de pão] a gente consegue suprir em torno de 10% a 15% da necessidade diária de gestão de fibra para uma pessoa. Então, é composto de matérias-primas mais nobres e também por uma questão de falta de escala para absorção desses custos de produção e distribuição, esse produto acaba ficando mais caro, realmente.
Marcelo acredita que uma maior oferta dessas mercadorias em mais estabelecimentos é o que poderá reduzir o preço.
— Nosso desafio é tornar esse produto numa escala maior que vai sem dúvida nenhuma fazer com que o custo de produção baixe e essa redução de custo seja imediatamente transferida para o consumidor final.
Para o empresário, a isenção de impostos para as matérias-primas, como aconteceu com o trigo, poderia reduzir os custos de produção em cerca de 25%. Em junho deste ano, o governo brasileiro zerou o imposto de importação de 1 milhão de toneladas de trigo de fora do Mercosul até 15 de agosto. O objetivo era evitar a alta excessiva dos derivados.
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Mesmo sem os incentivos do governo, a empresa de apenas um ano, que atende, atualmente, apenas São Paulo, já faz planos de crescimento. A projeção é atingir nos próximos seis meses o Sul do País, em Estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, além do Rio de Janeiro, no Sudeste do Brasil.
Segundo Marcelo, esse crescimento deve agregar um faturamento 30% maior em cima dos R$ 2 milhões já em 2015.
— O mercado está demostrando que tem um apetite para um crescimento nos próximos anos de 20% a 30% ao ano e a gente está bem confiante. O consumidor aos poucos vai perceber essa qualidade e, realmente, sentir os benefícios da alimentação sem glúten, da alimentação saudável.
A previsão de retorno do investimento de R$ 2 milhões do químico é cinco anos.
Confira no vídeo abaixo os efeitos do glúten e da taurina: