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Setor de bares e restaurantes prevê colapso sem novo programa salarial

Empresários aguardavam anúncio da extensão do projeto ontem; oito em cada dez dizem não ter condições de pagar no dia 5 de abril

Economia|Do R7

O empresário Marcos Unicovsky, de Porto Alegre (RS): Situação chegou 'ao limite'
O empresário Marcos Unicovsky, de Porto Alegre (RS): Situação chegou 'ao limite' O empresário Marcos Unicovsky, de Porto Alegre (RS): Situação chegou 'ao limite'

Empresários do segmento de bares e restaurantes aguardaram a coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (30), em que ele comentou os dados do Caged. A expectativa era que fosse anunciada a retomada do Programa de Preservação de Renda e do Emprego (BEm), encerrado em dezembro, mas isso não aconteceu. A frustração acendeu um alerta vermelho no setor, um dos mais castigados pela pandemia de covid-19.

“Os negócios, que já estavam colapsados, entram agora em estado terminal. Ninguém aguenta mais, a sensação é de desespero total", diz o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci. Pesquisa da entidade revela que, sem o BEm, 78% dos empresários já sinalizaram não ter condições de pagar os salários no dia 5 de abril.

O programa permite às empresas reduzir a jornada de trabalho e o salário dos funcionários, sendo que o governo assume o complemento do valor. A medida, segundo a Abrasel, evitou milhões de demissões em 2020.

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"Esse cenário é injusto e desastroso. Estamos falando de milhões de empregos e negócios dizimados por falta de acordo no governo. É dever do Estado intervir e proteger numa situação dessas. É preciso responsabilidade e empatia", afirma Solmucci. Para a entidade, o atraso na reativação do BEm ocorre em função dos desencontros de Orçamento entre o governo e o Congresso.

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Novas demissões

A possibilidade de novas demissões é a situação real nos negócios do empresário Marcos Unicovsky, dono de um restaurante japonês e uma cafeteria em Porto Alegre (RS). Antes da pandemia, ele tinha 32 funcionários distribuídos nos dois empreendimentos - hoje, por enquanto, são 21. "Só não houve mais demissões no ano passado por causa do BEm. Se o programa não for retomado, fatalmente elas vão acontecer agora", diz.

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Unicovsky conta que ainda não atrasou salários e outras dívidas, mas acaba de chegar em seu limite orçamentário. O empresário ainda não sabe como vai honrar a próxima folha de pagamento. "Tenho conversado com os funcionários, tentado negociar pequenos adiantamentos."

Porto Alegre ficou três semanas em lockdown e reabriu o comércio há uma semana. "Mas com horário reduzido (5h às 18h), o que também acaba prejudicando os negócios, já que nosso tíquete mais alto é o da noite", afirma Unicovsky.

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Aval fiscal

O governo já admitiu que pretende retomar o programa. Nesta terça-feira, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, atribuiu o atraso aos inúmeros pontos fiscais que precisam ser avaliados.

“Obviamente faremos tudo com ampla e restrita responsabilidade fiscal. A Fazenda está avaliando isso conosco e, dentro dos próximos dias, termos uma resposta”, disse. O custo estimado para a nova fase do programa é de R$ 10 bilhões. “Ainda estamos fechando esse valor”, disse Bianco.

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De acordo com a Abrasel, o setor que tinha 1 milhão de negócios e empregava diretamente 6 milhões de pessoas até março do ano passado, sendo o maior gerador de empregos do Brasil, já perdeu 350 mil estabelecimentos e 1 milhão de postos de trabalho até fevereiro deste ano.

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