Cesta básica em São Paulo saltou de R$ 482,40 para R$ 715,65 em três anos
EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 21.2.2022A inflação elevada tem dificultado o acesso dos brasileiros à alimentação. Nos últimos três anos, os profissionais remunerados com um salário mínimo precisaram trabalhar 23 horas e 30 minutos a mais, o equivalente a quase três jornadas de oito horas, para adquirir uma cesta básica na cidade de São Paulo (SP).
Os valores levam em conta que a cesta com os itens básicos para o consumo das famílias saltou 48,35% nos últimos três anos, de R$ 482,40 para R$ 715,65. A variação para a compra dos mesmos bens exige quase 130 horas de trabalho para quem recebe o salário mínimo de R$ 1.212, ante pouco mais de 106 horas requeridas em fevereiro de 2019.
Conforme os números coletados pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.012,18, valor quase cinco vezes (396%) maior do que o piso atual.
Vale recordar que o salário mínimo oferecido aos brasileiros não proporciona ganho real (acima da inflação) aos trabalhadores desde 2019, quando chegou ao fim a lei nº 13.152, responsável por determinar a reposição da remuneração com base na expectativa para o INPC do ano e a taxa de crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços produzidos no país — de dois anos antes.
Com os reajustes definidos apenas pela variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o salário mínimo avançou 21,44%, de R$ 998 para os atuais R$ 1.212. A variação corresponde a um percentual mais de 22% inferior em relação ao apresentado pela cesta de itens básicos aos consumidores no mesmo período.
Compra de 6 kg de carne demanda mais de 48 horas de trabalho
EMERSON NOGUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 25.1.2022Entre os itens específicos presentes na cesta básica para alimentar uma família de quatro pessoas, a maior variação foi apresentada pela carne. A disparada de 75% no valor final para a compra de 6 kg da proteína equivale a uma jornada superior a 48 horas de trabalho, número quase 15 horas superior ao necessário há três anos.
Também passou a demandar mais tempo de trabalho a aquisição de 7,5 litros de leite (de 6h32 para 6h47), de 3 kg de arroz (de 1h56 para 2h01), de 1,5 kg de farinha (de 1h14 para 1h21), de 9 kg de tomate (de 11h01 para 13h43), de 6 kg de pão (de 16h22 para 16h52), de 600 g de café (de 2h32 para 3h56), de 7,5 dúzias de banana (de 10h17 para 13h40), de 3 kg de açúcar (de 1h33 para 2h17), de 900 ml de óleo (de 46 minutos para 1h36) e de 750 g de manteiga (de 6h53 para 7h48).
Por outro lado, o preço do feijão apresentou deflação de 9,64% no período e reduziu em quase duas horas (de 7h30 para 5h35) o tempo de trabalho necessário para um profissional remunerado com o mínimo comprar 4,5 kg do produto no mês. A aquisição de 6 kg de batata, por sua vez, demanda 11 minutos a menos de jornada, apesar da valorização do produto.