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Valorização do dólar aumenta em R$ 36 bilhões dívida de empresas

O impacto sobre a Petrobras poderá ser de R$ 74,8 bilhões

Economia|

Valor devido pelas companhias de capital aberto saltou de R$ 168 bi para R$ 204,4 bi entre o fim de junho e o início de setembro
Valor devido pelas companhias de capital aberto saltou de R$ 168 bi para R$ 204,4 bi entre o fim de junho e o início de setembro Valor devido pelas companhias de capital aberto saltou de R$ 168 bi para R$ 204,4 bi entre o fim de junho e o início de setembro

A rápida escalada do dólar elevou a dívida das empresas em moeda estrangeira em R$ 36 bilhões. Levantamento feito pela empresa de informações financeiras Economática mostra que o valor devido pelas companhias de capital aberto saltou de R$ 168 bilhões para R$ 204,4 bilhões entre o fim de junho e o início de setembro. Nesse período, o dólar saiu de R$ 3,10 e chegou a R$ 3,85 na última sexta-feira (4), o maior valor desde 23 de outubro de 2002.

O levantamento da Economática considerou a dívida em moeda estrangeira de 98 companhias de capital aberto, que divulgaram seus endividamentos no balanço — nem todas as empresas divulgam esses dados. O estudo também tem como premissa que o montante devido pelas empresas em dólar, de US$ 54,1 bilhões, se manteve estável no período.

"Esse aumento de valor é assustador", afirma Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática.

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De 2008 pra cá, a dívida externa do País cresceu 65%, para US$ 343 bilhões (sem considerar os empréstimos intercompanhias), segundo dados do Banco Central. A parcela da iniciativa privada representou algo em torno de 60% desse valor — ou cerca de US$ 200 bilhões e foi a que mais se expandiu nos últimos anos. Com o dólar no atual patamar, a preocupação com as empresas endividadas em moeda estrangeira aumenta, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

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Ele explica que, mesmo com uma dívida de longo prazo, as companhias sentirão os efeitos da alta do dólar. "Sem conseguir determinar um limite para a cotação da moeda, haverá necessidade de elevar as provisões nos balanços e isso terá reflexo no lucro." Além disso, completa Agostini, as empresas costumam fazer hedge por faixas de cotação. Se uma empresa faz uma proteção a R$ 3,80 e o dólar sobe para R$ 3,90, ela terá de complementar esse valor.

"Antes a projeção pessimista era R$ 3,50. Agora a previsão otimista é R$ 3,50", afirma o economista, que reviu sua projeção para o câmbio de R$ 3,45 para R$ 3,90 para o ano. Ele afirma que não há muitas saídas para quem tem dívida vencendo este ano, sem hedge. Se não houver opção para renegociação, a empresa terá de amargar prejuízo. Pelos últimos dados do BC, o volume de dívida que venceria entre abril e dezembro deste ano era de US$ 44,9 bilhões.

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Com o risco País em elevação, os investidores — que financiam as empresas brasileiras no exterior — vão esperar o cenário clarear para tomar novas decisões. Isso significa maior dificuldade de financiamento, com custos maiores e prazos menores. Exemplo disso, é a redução da taxa de rolagem do País, que caiu de 162% de janeiro a julho de 2014 para 97% neste ano. Uma taxa acima de 100% significa que foi possível refinanciar toda a dívida que venceu e ainda tomar novos empréstimos. Abaixo desse porcentual, o devedor não conseguiu (ou não quis) renovar o débito.

"Ter uma despesa numa moeda na qual a empresa não recebe é um risco muito grande. A dívida pode se elevar de uma maneira muito rápida", afirma Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper. Mas ele acredita que, após a crise de 2008, as empresas optaram por aumentar a proteção na tomada de crédito externo. "O risco é elevadíssimo. As empresas aprenderam, mas é bem provável que a gente veja no segundo semestre uma despesa financeira das empresas maior do que nos outros anos."

O crescimento do endividamento das empresas brasileiras foi motivo de alerta do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do IIF (Instituto Internacional de Finanças). Em relatório recente, o IIF destaca que as dívidas privadas das companhias brasileiras aumentaram muito rapidamente para níveis preocupantes. Já o FMI afirma que algumas empresas nacionais estão em situação de risco já que a dívida em dólar aumentou e os lucros diminuíram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Petrobras

A valorização do dólar vai aumentar a parcela da dívida em reais da Petrobras de R$ 344,6 bi em junho de 2015 para R$ 419,4 bi
A valorização do dólar vai aumentar a parcela da dívida em reais da Petrobras de R$ 344,6 bi em junho de 2015 para R$ 419,4 bi A valorização do dólar vai aumentar a parcela da dívida em reais da Petrobras de R$ 344,6 bi em junho de 2015 para R$ 419,4 bi

Os números da Petrobras mostram que a parcela da dívida em moeda estrangeira da empresa tem se mantido relativamente constante desde março de 2014, por volta de US$ 110 bilhões. Já o impacto da valorização do dólar tem feito com que a parcela em moeda estrangeira convertida para reais tenha um crescimento bastante elevado.

A valorização do dólar no terceiro trimestre de 2015 até o dia 3 de setembro elevará a parcela em reais de R$ 344,6 bilhões em junho de 2015 para R$ 419,4 bilhões em de setembro, um crescimento de R$ 74,8 bilhões.

Considerando que o lucro Ebit (sigla em inglês para lucro antes dos juros e tributos) da Petrobras no segundo trimestre de 2015 foi de R$ 9,62 bilhões, a despesa financeira devido à alta do dólar no terceiro trimestre de R$ 74,8 bilhões representa 7,7 vezes o lucro do trimestre.

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