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Bares, museus e praças: faculdades de SP escolhem locais inusitados como salas de aula 

Especialistas avaliam que proposta deve estar dentro do projeto político pedagógico   

Educação|Mariana Queen Nwabasili, do R7

Alunos estudam angulação durante jogada em bar de sinuca de SP
Alunos estudam angulação durante jogada em bar de sinuca de SP Alunos estudam angulação durante jogada em bar de sinuca de SP

Com a intensão de proporcionar aos seus alunos uma experiência de estudos diferente da rotineira aula dentro da faculdade, uma instituição de São Paulo especializada em licenciaturas resolveu oferecer aulas em um bar da cidade.

No segundo semestre do ano passado, os estudantes do curso de licenciatura em matemática do Instituto Singularidades tiveram uma aula em um estabelecimento com mesas de sinuca. Tudo em prol do ensino de trigonometria.

Os alunos estudaram a angulação escolhida para a jogada e mediram os ângulos que se formavam a partir do toque da bola branca na bola que seria encaçapada, além de terem estudado o jogo de sinuca e suas regras.

“Ficamos um período de aula na mesa de bilhar e voltamos para a sala de aula para rediscutir tudo isso”, explica o professor Valdir Carlos da Silva, coordenador do curso.

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Os museus também são escolhidos para a exposição dos professores do Instituto, como conta Elaine Fontana, docente do curso de pós-graduação em Educação Museus e Centros Culturais de Museus do Singularidades.

— Nesse caso, saímos da sala de aula e experimentamos um conteúdo no próprio universo que os alunos vão trabalhar: falamos da história da arte, fomos vê-la, literalmente. Os conteúdos foram capturados na exposição e foram trabalhados na sala de aula.

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A professora afirma que a escolha contribui para o processo de assimilação das matérias: “Se você precisa de um lugar que desperte no aluno percepções sobre o volume dos barulhos na cidade, por exemplo, é melhor ir para um lugar que contribui para a proposta pedagógica que esse conteúdo exige”.

Arquitetura

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A faculdade de arquitetura e urbanismo Escola da Cidade, com sede na região central da capital paulista, é conhecida pelo seu perfil de “escola itinerante”.

A instituição coloca na grade dos estudantes viagens de campo a cidades e centros históricos de locais como, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Brasília, Chile e Colombia.

As viagens fazem parte do conteúdo formal da graduação e, segundo a faculdade, têm o objetivo de “mostrar ao jovem arquiteto a riqueza da arquitetura brasileira e internacional, além de promover o encontro com os profissionais de arquitetura em cada lugar visitado”.

Ciro Birondi, arquiteto e diretor da instituição, afirma que as aulas em meio às cidades são o “futuro do ensino de arquitetura, por uma razão simples: o objetivo do trabalho do arquiteto é o espaço”.

— Uma coisa é eu mostrar a Igreja de São Francisco do artista Aleijadinho [em Ouro Preto, Minas Gerais] por meio de uma foto. Outra coisa é levar os alunos àquele espaço e fazer com que eles sintam o cheiro e a temperatura do lugar, porque isso também faz parte da arquitetura.

O professor diz que a proposta da faculdade é antiga, mas demorou para ser aprovada como política pedagógica.

— O MEC [Ministério da Educação] não nos entendia no começo, porque eles achavam que a proposta tinha a ver só com fazer viagens. Mas essas saídas são muito mais do que viagens, são aulas dadas por meio da realidade das coisas.

Segundo Birondi, os estudantes também visitam fazendas da época café no Vale Paraíba, em São Paulo, para entender a arquitetura antiga do Estado.

— Temos também professores itinerantes que dão aulas para os alunos nos locais das saídas de campo. Por exemplo, em Minas Gerais, é um professor local e especialista em espaço barroco quem recebe os nossos estudantes e explica o conteúdo para eles.

Para Márcia Aparecida Jacomini, professora do departamento de educação da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), iniciativas como essas se justificam apenas se “a escolha por um lugar diferente for uma demanda para a exposição do conteúdo”.

— A defesa de aulas em lugares diversificados não se sustente por si só. Isso tem validade a partir do momento que a escolha do local tem relação com o objetivo do ensino. O conteúdo deve justificar a escolha da aula fora de sala para o melhor aprendizado dos alunos. E tudo isso só é interessante se estiver vinculado ao projeto pedagógico do curso. 

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