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O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de jogos no mundo, segundo a Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos). O País tem cerca de 200 empresas no setor e 45 escolas com formação na área. Com salários que variam de R$ 2.000 a R$ 5.000, podendo chegar em alguns casos a R$ 10.000, os interessados em trabalhar com games encontram desde cursos técnicos até pós-graduação
Texto e entrevistas: Jéssica Rodrigues, estagiária do R7Divulgação
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Os profissionais mais conhecidos que trabalham com jogos eletrônicos são designers e programadores, mas pessoas de diferentes áreas são necessárias para este mercado, como conta a professora da escola politécnica da USP (Universidade de São Paulo) Roseli de Deus Lopes.
— Dependendo do tipo de jogo, serão necessários perfis profissionais bem diferentes. Tem o pessoal que escreve o roteiro, outro responsável pela estética, e aqueles da parte computacional mesmo, a inteligência do jogo, uso de algoritmos.
Em alguns casos, como em games voltados à educação, são necessários professores ou até psicólogos em jogos que tenho como objetivo provocar o comportamento humanoDivulgação
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Os programadores
Roseli dá aulas na área de engenharia de sistemas eletrônicos e recomenda cursos de ciências da computação e engenharia elétrica que tenham uma sólida formação em computação, para quem busca a área de programação, ou game developer como é conhecido popularmente.
— Durante o curso, é ideal que se faça uma iniciação tecnológica ou estágio. Assim já é possível identificar qual especialização se quer fazer. Um profissional dessa área começa ganhando R$ 1.000. Quanto mais qualificado, você vai trabalhar num nível de complexidade maior: vai projetar o sistema, vai coordenar uma equipe de programadores, de desenvolvedores. Os salários podem ser bem maiores do que R$ 5.000.Divulgação
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O estudante Ewerton Luiz Oliveira de Assis, de 24 anos, faz há cinco meses o curso de desenvolvedor de games na escola profissionalizante Evolute, e já trabalha na área.
— Na equipe em que trabalho, atuo na área de programação, onde executo toda a parte de desenvolvimento de scripts, ou seja, as instruções lógicas do game. E atuo na montagem do jogo, através de um software de criação de jogos, chamado GameEngineDivulgação
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Os designers e a animação
A professora da USP conta que a exigência na elaboração do design gráfico dos jogos aumentou nos últimos anos.
— Para isso, há cursos nas escolas de artes e comunicação que dão uma formação geral, por isso a pessoa vai precisar se especializar. Também existem cursos de arquitetura. São alguns que dão uma boa noção de design gráfico em geral, mas também é preciso se especializar mais na área de gamesDivulgação
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O ilustrador Fábio Catena conta que, para trabalhar na área, precisou de conhecimentos avançados de ilustração e softwares gráficos.
— Trabalho normalmente de oito a dez horas por dia. A remuneração costuma ser fixa com bonificações em cada projeto.
Catena afirma que o salário varia muito dependendo da área, mas normalmente parte dos R$ 3.000.
— Saber que alguém consome algo que você mesmo fez e que isso gera um sentimento (bom ou ruim) é a maior satisfação. Os contras são as várias noites sem dormir. Games cada vez mais complexos exigem profissionais que saibam escrever um bom roteiro.
A gerente de projetos de exportação da Abragames, Eliana Russe, recomenda o estudo de cinema e animação.
— Tem curso tecnólogo em game design, no Senac por exemplo, cursos universitários de game design, cursos de pós-graduação em games, a pessoa pode também trabalhar até na área comercialDivulgação
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Simuladores
O mercado também atende a pedidos de simuladores, como um da marinha desenvolvido pela equipe da USP, como conta a professora Roseli.
— Sem gastar combustível, levar uma equipe enorme para o mar, é possível treinar essas pessoas.
Empresas multinacionais também buscam na realidade virtual uma forma de conhecer melhor candidatos a uma vaga de trabalho.
— É melhor do que ter que entrevistar uma multidão. Em alguns casos usam-se ambientes de jogos para ver como a pessoa se comporta em diferentes ambientes, como o Second Life.Divulgação/Marinha
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O mercado de trabalho
A expectativa de crescimento no setor é de 13,5% ao ano nos próximos cinco anos. Segundo Eliana, da Abragames, não faltam profissionais no mercado, mas deve faltar nos próximos anos pessoas com experiência.
— Muitos [profissionais] vão para fora do Brasil, [para países como] Canadá, França, Inglaterra, onde têm mais oportunidades para desenvolverem os jogos. Talvez essas pessoas voltem, quem sabe.
A gerente de projetos de exportação afirma também que “como qualquer setor o custo para se produzir no Brasil é muito alto”.
— Os encargos trabalhistas são muito altos. Para se competir no mercado internacional, porque o game é um produto global, a gente acaba ficando [com um custo] muito caro comparando com outros países. Mas isso não é um defeito só de quem trabalha com games, tudo no Brasil é assimDivulgação