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Mensalidades acima de R$ 3.000, festas luxuosas, viagens internacionais, restaurantes e cafés famosos dentro da faculdade. Para alunos das universidades de elite de São Paulo, esses aspectos fazem parte da rotina de estudos e diversão.
Na FGV (Fundação Getulio Vargas), estudantes de administração de empresas chegam a pagar R$ 3.350 por mês no curso. Alunos da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) promovem festas de formatura que custam quase R$ 3 milhões, com direto a show da Ivete Sangalo.
Veja a seguir essas e outras realidades do “ensino ostentação” na capital paulista
*Colaborou Plínio Aguiar, estagiário do R7Montagem R7
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No Mackenzie, as alunas podem fazer unha dentro do campus, que fica no bairro Higienópolis, região central da cidade. A esmalteria instalada em frente às quadras esportivas cobra R$ 39 pelo serviço.
Montagem R7
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Para a estudante de direito Marina Santini (primeira da esquerda para a direita na foto), de 24 anos, a medida facilitou a vida das estudantes.
— Várias pessoas criticaram falando que é futilidade, mas eu vejo muitas usandoReprodução Facebook
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O meio de transporte também é um luxo para muitos estudantes dessas faculdades. É o caso da aluna de arquitetura na FAAP Talita Miranda, de 19 anos. Quando não há carona dos pais, ela recorre aos táxis. O trajeto de ida e volta custa em média R$ 57 por dia ou R$ 1.140 por mês
— Eu moro em Santana. É longe. Mesmo vindo de carro, demoro entre 40 e 50 minutos para chegar à FAAPMariana Queen/R7
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A preferência por táxis como meio de transporte também é uma realidade entre alunos do Mackenzie. Pagante de uma mensalidade de R$ 1.765, a estudante de jornalismo Maria Rita Rodovalho, de 19 anos, vai e volta todos os dias de táxi para as aulas, gerando um custo diário de R$ 16 e mensal de R$ 320
Reprodução Facebook
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Segundo o estudante de administração de empresas da FGV, H.L., de 22 anos, a mensalidade de seu curso é, atualmente, de R$ 3.350. O estudante relata que o estacionamento da faculdade é terceirizado e pode ser utilizado pelos alunos "por uma pechincha" de R$ 450 mensais. O valor inclui o serviço de manobristas.
L. diz que não utiliza o estacionamento, mas frequenta outros ambientes que mostram certa ostentação na universidade.
— Em um único prédio, tem três filiais de uma mesma cafeteria que têm preços bem salgados. Além disso, os laboratórios são patrocinados por empresa e têm salas bancadas pelo Bradesco, pela Toshiba etcDivulgação/ FGV
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Os alunos da FAAP têm a opção de fazer viagens para outros países como parte dos estudos
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Um grupo de alunos de relações internacionais da instituição foi, no ano passado, à Universidade de Harvard, nos EUA, participar de simulações de conferências da ONU (Organização das Nações Unidas). Neste ano, Giuliano Braga, de 20 anos, tenta ser escolhido para fazer um roteiro de estudos que passa pela Grécia, Turquia e Irã.
— Tenho uma curiosidade pessoal com relação às culturas e às religiões dos países que vamos visitar. A viagem vai me ajudar no conhecimento acadêmico sobre relações internacionais, já que quero seguir a área acadêmicaGetty Images
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Além dessas, nos últimos anos, a faculdade realizou viagens para o Japão, Panamá e Viena. Existe uma grande disputa de vagas para participar dos "estudos internacionais", portanto, os interessados devem passar por um processo seletivo que exige até entrevista. A viagem é paga pelos próprios alunos
Montagem R7
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A instituição também oferece salas de estudos modernas, ateliês, agências bancárias, salas de museus, teatro e restaurantes
Montagem R7
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Apesar das opções variadas dentro da FAAP, a estudante do primeiro ano de arquitetura Isadora Ferraz, 20 anos, às vezes prefere fazer refeições com as amigas fora da faculdade. Não pela diferença de preço, mas para variar um pouco o cardápio
— Dentro da faculdade, o restaurante tem mais comida caseira. Quando queremos diversificar, compramos alguma coisa fora. Lá dentro e aqui fora os preços são quase os mesmos. Mas aqui fora é um pouco mais caro. Uma lata de refrigerante chega a custar R$ 6Mariaan Queen/R7
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O R7 apurou que os estabelecimentos em frente à FAAP, região que faz parte da prestigiada Vilaboim, muito frequentada por alunos, cobram mesmo caro pela comida. Uma salada custa R$ 18; um picolé, R$ 9, e um cachorro-quente em uma lanchonete mais estilizada varia entre R$ 14 e R$ 19
Mariana Queen/R7
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As festas também fazem parte da vida desses estudantes. Uma das mais famosas do Mackenzie é a Mackbixos, que tem ingressos no valor de R$ 130. A última edição aconteceu no dia 10 de abril, teve 17 atrações e um open bar com dez tipos de bebidas. Os ingressos puderam ser comprados por meio de um aplicativo de celular
Reprodução/ Facebook
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Sigmar Malvezzi, professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), afirma que os pais e as instituições de ensino não têm grande papel sobre os hábitos de consumo e diversão dos universitários. Ele avalia que esses comportamentos e escolhas têm mais relação com a própria dinâmica de ambientes frequentados por jovens, como as faculdades.
— O ambiente universitário é pequeno e fechado, fato que facilita a pressão sobre o alinhamento e os desvios sobre a conformidade às identidades pressupostas. Em ambientes desse tipo, a moral é dada por essa cultura e identidades; os grupos de surf, das festas rave etcDivulgação