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Professores de colégios brasileiros já estão adotando práticas de ensino em que as redes sociais e os jogos de computador são usados em aula. Hoje, Facebook, Twitter e games são usados em escolas como ferramentas a favor da educação colaborativa, com as quais professores e alunos interagem e participam mais das aulas.
Colégios como o Bandeirantes, em São Paulo, já veem na tecnologia um meio de desenvolver cidadãos com pensamento crítico e reflexivo em um ambiente familiar aos alunos, como os games e as redes sociais. No entanto, mais do que ensinar com mais tecnologia, o desafio dos educadores agora é se adaptar ao "funcionamento" da geração conectada que eles educam.
Descubra a seguir como professores e escolas estão se preparando para implantar o ensino do futuro, a chamada Educação 3.0, no BrasilGetty Images
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O primeiro desafio dos educadores para implementar as novas formas de ensino em suas aulas é dominá-las, uma vez que muitos professores nasceram antes das tecnologias digitais. Uma das ferramentas para "tirar o atraso" é o guia do professor para adoção de tecnologias na educação criado pelo Instituto Crescer.
De graça na internet, o Crescer em Rede – Um guia para promover a formação continuada de professores para adoção de tecnologias digitais no contexto educacional, reúne conteúdo detalhado que traz o passo a passo para inserir a escola na nova realidadeDivulgação Instituto Crescer
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Segundo a diretora técnica do Instituto Crescer, Luciana Maria Allan, com a adoção das tecnologias digitais dentro e fora das salas de aula, o processo de ensino e aprendizagem vem se tornando, rapidamente, um grande desafio para uma geração de professores que estudou e aprendeu a ensinar em uma era pré-digital e não contava com recursos de interação e colaboração capazes de conectar mestres, estudantes e a sociedade civil de uma forma geral, independente de sua formação, cultura ou nação onde vivem.
— Este guia vem justamente ajudar os professores nesta transformaçãoGetty Images
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O livro funciona como uma bíblia do "educador 3.0". Nele, o professor tem orientações de como explorar redes sociais como Twitter e Facebook, que, como observam os escritores da obra, permitem o desenvolvimento de estratégias de busca e seleção de informação, facilita a interação e a colaboração dos alunos, além da aprendizagem entre pares, do desenvolvimento do pensamento crítico do estímulo do contraste de opiniões
Reprodução/ Facebook
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Dividido em seis capítulos, o livro visa a assimilação da tecnologia pelo professor, que a partir de sugestões e exemplos práticos traz atividades que ajuda a desenvolver novas abordagens do ensino e ter contato com alguns objetos digitais de aprendizagem que podem ser ferramentas úteis nesse processo.
Sobre o Facebook, por exemplo, o livro defende que a rede social insere os alunos em um processo coletivo de aprendizagem. Nele, as crianças e o jovens compartilham significados e representações comuns, comunicam e discutem os seus pontos de vista e examinam e aperfeiçoam as suas ideiasDivulgação/ José Luiz da Conceição
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Ainda segundo Luciana, a geração de "nativos digitais" que os professores educam exige mudanças nas metodologias de ensino. É preciso que as novas metodologias levem ao que os especialistas chamam de Educação 3.0, que seria a forma de ensino pela qual alunos e professores produzem em conjunto por meio de ferramentas apropriadas e aprendem a ser curiosos e criativos
Divulgação/ Milton Michida
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O Twitter tem papel similar. Segundo o guia, com ele, pode-se interagir, montar eventos de estudos, provas, atividades ou trabalhos em grupo. "É uma ótima forma também de indicar eventos, viagens, peças de teatro e outras atividades culturais aos alunos" .
Ironicamente, o microblog é uma ótima ferramenta para as aulas de Redação. De acordo com o guia, a limitação de caracteres ajuda os alunos a ampliar o vocabulário e sintetizar sua opinião sobre determinado assunto, procurando formas de passar a ideia no espaço limitado. "Neste movimento, eles são obrigados a ler os textos previamente, interpretar informações para conseguir traduzir suas principais ideias em 140 caracteres”Reprodução
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Outra técnica de ensino que se insere na Educação 3.0 é o uso do videogame. Segundo o professor especialista em gameficação Francisco Tupy, se a geração que vai pilotar drones (aeronaves não tripuladas) daqui 20 anos já nasceu, a forma de aprendizado deles deve seguir um modelo de ensino a ser praticado hoje.
— Os games desenvolvem a coordenação da pessoa. Isso influencia no mercado de trabalho futuro, dos pilotos de drones, e até para a microcirurgia feita por máquinasDivulgação
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Tupy observa que a linguagem didática dos videogames tem três formas de ensino.
— O jogo por si já ensina a jogar. O jogo ensina o jogo. Depois, o jogo faz a pessoa discutir os símbolos, os personagens, os estereótipos. E por último, o jogo ensina a ensina a trabalhar em grupo, além da especificidade, o roteiro e outras coisas. Em um RPG ou um jogo de guerra, o aluno vai ter que se contextualizar, saber que se trata da segunda guerra mundial, por exemplo. O jogo cria um big bang na cabeça do aluno, e ensina até inglêsDivulgação
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As vantagens de usar a programação de jogos ou mesmo a diversão dos games em sala de aula não param por ai, de acordo com Tupy.
— Ele (o jogo) une o jogar, que é nada mais que brincar com regra, ao mesmo tempo em que envolver o brincar com regra dentro de uma competição ou colaboraçãoWikimedia Commons
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O professor conta que o presidente norte-americano Barack Obama tem planos de fazer a programação de games ser parte do ensino nos colégios do país.
— O Mark Zuckerberg aprendeu a programar aos 13 anosWikimedia Commons
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No Brasil, o colégio Bandeirantes, em São Paulo, já está inserindo aulas em que o aluno aprende a fazer jogos em sua grade curricular, conta Tupy.
— Quando o aluno aprende a programar ele trabalha em grupo, questiona, exercita suas habilidades vocacionais e cria um instrumento de superação pessoalDivulgação/ O4NT