Segundo relatórios ONU, dois terços da população mundial em 2025 não terá acesso à água potável
Divulgação / Secretaria de Comunicação do Estado da BahiaA seca histórica que está afetando o Brasil reascendeu a discussão sobre o papel da educação ambiental e a necessidade de disseminar informações nas instituições de ensino para garantir a preservação e o bom uso dos recursos naturais.
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A presença do tema no currículo escolar foi garantida por uma lei aprovada em 1999 (n° 9.795), que determina que a educação ambiental deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo de colégios públicos e privados, como um tema transversal, trabalhado de forma multidisciplinar.
Alessandra Pereira Majer, professora do curso de gestão ambiental da Universidade Estácio, analisa que a norma em vigor é boa, mas esbarra na falta de qualificação dos professores.
— Como ninguém é “dono” do assunto, ou seja, ele deve ser tratado nas aulas de ciências, biologia, geografia, história, química e física, por exemplo, prevalece à afinidade pessoal do professor com o tema, que requer dedicação extra deste docente. O professor geralmente se prepara sozinho para dar aula, assim, se ele não gosta do assunto dificilmente vai se dedicar e passar conhecimento suficiente para os alunos.
Falando sobre o ensino superior, Marcelo Muniz Rossa, ex-consultor da Unesco e coordenador do MBA de gestão ambiental na Estácio, destaca que os jovens chegam com níveis diferentes de conhecimento sobre o tema na universidade.
Sobre a lei que determina o ensino de educação ambiental nas escolas, o especialista aponta que ela é falha porque ao não institui uma disciplina.
— As escolas deveriam ter atividades relacionadas com educação ambiental e gestão do meio ambiente em uma disciplina exclusiva.
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Entraves culturais
Segundo relatórios da ONU (Organização das Nações Unidas), dois terços da população mundial em 2025 não terá acesso à água potável se nada for feito para evitar a escassez. Esse número apresenta a preocupação que o tema falta de água tem despertado na comunidade internacional.
Alessandra comenta que como os recursos naturais são abundante na maioria das regiões do País, parte da população nunca debateu esse assunto. Ela analisa que pelo menos três gerações de brasileiros tiveram um déficit de conhecimento sobre educação ambiental.
— Agora, ao invés de mudar nossa postura individual queremos apontar os culpados. A desinformação começou em gerações anteriores. A população não tem conhecimento suficiente para entender que todas as ações têm consequências. Não dominar temas relacionados com a educação ambiental prejudica o julgamento da população dos programas do governo nesta área.
A especialista frisa também que além do debate social sobre as políticas públicas, ações de educação ambiental também devem acontecer dentro de casa.
— É preciso fazer economia de água e ter cuidado com o lixo. Cabe à família dar o exemplo prático e a escola promover o conhecimento teórico sobre os cuidados necessários com o meio ambiente.
Rossa completa lembrando que mesmo pessoas que em tese têm mais informação, como os alunos do curso de gestão ambiental, chegam nas universidades sem dominar conceitos básicos relacionados ao meio ambiente.
— Temos um ano básico para nivelar as turmas. A maioria dos estudantes não se preocupa com coisas simples como o lixo. De trinta alunos de gestão ambiental cinco fazem a coleta seletiva em casa. Isso é muito incoerente e mostra que mesmo pessoas informadas têm dificuldade em colocar o conhecimento em movimento.