Houve um aumento de apenas 5,6 pontos percentuais na frequência escolar no período de 2000 até 2010
Divulgação / Secretaria da Educação do Estado de São PauloO percentual de jovens brasileiros com idade entre 15 a 17 anos que estudavam no nível educacional apropriado à sua idade subiu de 34,4%, em 2000, para 47,3%, em 2010, segundo dados da pesquisa Estatísticas de Gênero: uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta sexta-feira (31).
Apesar da alta, o estudo mostra que menos da metade dos jovens que deveriam estar no ensino médio tinham tido acesso a essa etapa escolar obrigatória em 2010. Houve um aumento de apenas 5,6 pontos percentuais na frequência escolar no período, que registrou elevação de 77,7% para 83,3%.
Nos outros dois ciclos do ensino básico, observa-se que a expansão da rede aumentou a frequência escolar de meninos e meninas, praticamente universalizando o acesso à educação na faixa etária de 6 a 14 anos de idade no mesmo período.
O maior incremento ocorreu entre as crianças de 4 a 5 anos, cuja frequência escolar passou de 51,4%, em 2000, para 80,1%, em 2010.
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Ensino médio
Do total de 4,8 milhões de adolescentes de 15 a 17 anos de idade que frequentavam o ensino médio, observa-se uma proporção maior de mulheres (54,7%), se comparada com a de homens (45,3%).
A diferença não é uma consequência da desigualdade de gênero, pois a taxa de frequência escolar bruta dessa faixa etária é elevada tanto para homens (83,2%) quanto para mulheres (83,4%). Ela aconteceu porque o processo de correção do fluxo escolar foi mais lento entre os homens.
Enquanto as mulheres já apresentavam proporções similares, frequentando os ensinos fundamental e médio regulares em 2000 (36,4% e 38,6%, respectivamente), os homens registravam proporções significativamente maiores no ensino fundamental em relação ao ensino médio nesse mesmo ano (44,0% e 30,2%, respectivamente).
Em 2010, a taxa de frequência escolar líquida no ensino médio dos homens era de 42,4%, se mantendo quase 10 pontos percentuais abaixo da taxa feminina (52,2%).
Fazendo um recorte por região, a frequência de homens e mulheres, respectivamente, no Norte em 2010 era de 32,6% e 41,2%, no Nordeste de 32,9% e 45,5%, Sudeste de 50,5% e 58,6%, Sul 46,5% e 55,9% e no Centro Oeste de 45,2% e 54,6%.
O atraso escolar, que atinge mais fortemente os homens, pode estar relacionado aos diferentes papéis de gênero que antecipam sua entrada no mercado de trabalho. Apesar de a maioria dos homens e mulheres de 15 a 17 anos de idade estar apenas estudando, conciliar escola e trabalho ou apenas trabalhar é mais frequente entre os jovens.
Em 2010, a proporção de jovens de 15 a 17 anos de idade que só trabalham foi quase o dobro entre os homens, se comparada à das mulheres (7,6% e 4,0%, respectivamente). Além disso, na área urbana, 17,8% dos homens e 13,2% das mulheres estudam e trabalham, enquanto, na área rural, esse percentual sobe para 27,7% e 15,8%, respectivamente.
A diferença por sexo entre os jovens que estudam e trabalham na área rural é 2,6 vezes maior que essa diferença na área urbana. Por sua vez, há uma proporção maior de mulheres de 15 a 17 anos que não estudam nem trabalham (12,6%), se comparada à dos homens (9,1%), e a diferença por sexo desse indicador atinge 6,3 pontos percentuais na área rural.
Essa situação está fortemente relacionada à maternidade, uma vez que mais da metade (56,8%) das adolescentes dessa idade que tiveram filhos estão fora da escola e do mercado de trabalho, e apenas 9,3% daquelas que nunca foram mães encontram-se nessa mesma condição.
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Desigualdades regionais e de raça
Desigualdades regionais e de cor ou raça também permeiam os diferenciais de gênero da frequência escolar líquida no ensino médio. Residir nas Regiões Norte e Nordeste, assim como ser preto ou pardo, são fatores que afetam negativamente as proporções de frequência escolar líquida no ensino médio, tanto para homens quanto para mulheres.
A taxa de frequência escolar no ensino médio da população com idade entre 15 e 17 anos, por cor ou raça segundo o sexo mostra que entre a parcela da população que é branca, a média total era de 55,4%, com homens registrando 51,3%, e mulheres 59.4%. Entre a parcela da população preta ou parda essa diferença era de, no total 41,4%, entre homens 36,1%, e mulheres 46,9%.
O estudo divulgado hoje é baseado nos resultados do Censo Demográfico de 2010. Com a análise dos indicadores sociodemográficos e socioeconômicos, o levantamento serve para subsidiar a formulação, coordenação e implementação de políticas públicas.
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