Eduardo Campos: "Brasil não precisa de mais quatro anos de Sarney, de Renan"
Carlos Quadros/31.07.2014/Estadão ConteúdoEstá aberta a temporada de caça às “velhas raposas” do Congresso Nacional. E quem está à frente da cruzada é o candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos. Faltando pouco mais de dois meses para as eleições presidenciais e em terceiro lugar na disputa, o socialista resolveu endurecer as críticas aos líderes nacionais do PMDB. Sua estratégia tem um objetivo declarado: atingir seus principais concorrentes na corrida ao Palácio do Planalto.
As críticas de Campos não são novas, mas se acentuaram nessa semana. Na última quarta-feira (30), durante sabatina com empresários na CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília, Campos criticou o que chamou de "presidencialismo de coalizão", modelo que, segundo ele, "distribui ministérios" entre os partidos políticos em troca de apoio.
O socialista disse que o País “não aguenta mais” ser governado por pessoas como o ex-presidente José Sarney, o presidente do Senado Renan Calheiros e o vice-presidente Michel Temer — todos caciques do PMDB em Brasília, principal aliado do governo petista.
— Fazer uma transição para um outro patamar [da política] é possível, é necessário. O Brasil não precisa de mais quatro anos de Sarney, de Renan.
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Descendente de uma família de políticos em Pernambuco, Campos sustentou que o "processo de transformação" não pode estar nas mãos da "velha política". Na última quinta-feira (31), durante intensa agenda política em Porto Alegre, as “raposas” voltaram ao discurso do socialista.
— Esse jeito da velha política de governar está inviabilizando o País. O Brasil está desanimado, irritado, perdendo prestígio lá fora. […] O País está indo para o atoleiro.
Campos declarou que, se eleito, colocará na oposição o time de "raposas" formado por Fernando Collor (PTB), José Sarney (PMDB) e Renan Calheiros (PMDB), além do próprio presidente do PMDB, Michel Temer.
— Pela primeira vez essas figuras vão sentar na cadeira da oposição, e o Brasil vai ficar muito melhor.
Apesar das críticas aos caciques, os membros do PMDB gaúcho saíram ilesos. No Rio Grande do Sul, o PSB formou aliança com o PMDB e, durante coletiva de imprensa ontem, Campos estava acompanhado do senador Pedro Simon, do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça e do ex-prefeito de Caxias do Sul e candidato ao governo gaúcho, José Ivo Sartori, todos peemedebistas. Ao ser perguntado, ele negou que governaria sem o PMDB.
— O PMDB de Simon, de Fogaça, de Sartori, de Jarbas Vasconcelos, esse PMDB vai estar conosco. Esse é o PMDB de gente honrada e séria, que luta por democracia e por justiça. Nós vamos ter no nosso governo apoio de gente do PSDB, do PT, nós não vamos dividir o Brasil por forças partidárias.
Perguntado pelo R7 sobre as críticas de Campos, o peemedebista Ivo Sartori foi econômico. Ele disse não estar surpreso com o discurso, porque o socialista “sempre falou isso”.
Sem falar diretamente sobre o assunto, Sartori encerrou o assunto dizendo apenas que “tem que fazer alguma coisa, se não, não muda”.